Com perspectiva de inflação em alta, autoridade
monetária terá pouco espaço para baixar a taxa. Aposta é de corte na próxima
reunião e depois manutenção
Com
as previsões de inflação em alta, está ficando curto o espaço que o Banco
Central (BC) tem para baixar a taxa básica de juros da economia, a Selic,
atualmente em 8% ao ano, o menor patamar da história. A aposta amplamente majoritária
entre analistas do mercado financeiro e de economistas é que haverá mais um corte
de 0,5 ponto percentual na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) na próxima
semana. Depois disso a divisão é clara. Alguns acham que será a última redução,
e outros acreditam que poderá haver uma queda adicional de 0,25 ponto
percentual ou mesmo de 0,5 ponto em outubro. A pesquisa Focus, que o BC faz
semanalmente entre os agentes do mercado, trouxe ontem uma nova elevação na estimativa
para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deste ano, que subiu de 5,11%
para 5,15%. Há quatro semanas, a projeção estava em 4,92%. O economista-chefe
do BES Investimento, Jankiel Santos, está entre os que preveem que, na reunião
da próxima semana, o comitê de Política Monetária (Copom) vai fazer mais um
corte de 0,5 ponto na Selic, mas acredita que, para 2013, com o crescimento
retomando fôlego, será preciso iniciar novo ciclo de alta. “Os juros terão que
subir. Caso contrário a inflação explodirá”, afirma. Margem José Francisco de
Lima Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator, tem outra visão. Ele também
aposta numa queda de 0,5 ponto na próxima semana, que levaria a Selic para 7,5%
ao ano, mas sustenta que é possível ao BC manter a taxa nesse patamar durante
um bom tempo, sem ter que puxar os juros para cima em 2013, mesmo que a economia
volte a crescer com mais força. “O Copom já trouxe a Selic para um patamar
inéditos e a inflação não disparou”, diz, observando que as previsões do
mercado para o IPCA estão mais distantes da meta oficial de 4,5%, mas ainda dentro
da margem de segurança de dois pontos para mais ou para menos. Já Eduardo
Velho, economista-chefe da Planner Prosper Corretora, acha que virá um corte
adicional de pelo menos 0,25 ponto percentual em outubro. “Também avaliamos que
há menor probabilidade de uma alta de juros em 2013, em função da sinalização
de maior convergência das expectativas”, pondera. A pesquisa Focus mostrou ainda
que os analistas do mercado mais uma vez, jogaram para baixo a expectativa para
o crescimento da economia em 2012. Se, na semana passada, acreditavam numa alta
de 1,81% do Produto Interno Bruto (PIB), agora estimam um avanço de apenas
1,75%. Muitos economistas, entre eles Eduardo Velho, da Planner Prosper
Corretora, e José Francos Gonçalves, do Banco Fator, são ainda mais pessimistas
e falam em evolução de1,5%. A fraqueza da indústria, que está em retração, é o
principal motivo do desânimo.
Fonte: JC
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