Bloqueio será de até R$ 15 bilhões, informou o ministro Guido
Mantega. Não está afastada chance de corte menor e redução do superávit
primário.
A
equipe econômica deve anunciar nesta segunda-feira (22), data limite para a
apresentação do relatório de receitas e despesas do orçamento relativo ao
último bimestre, um novo bloqueio de gastos públicos, que se somará aos R$ 28
bilhões anunciados em maio. Segundo informou o ministro da Fazenda, Guido
Mantega, o bloqueio adicional será de até R$ 15 bilhões. O objetivo declarado
do governo com estas limitações de despesas, até o momento, é atingir a meta de
superávit primário (economia feita para pagar juros da dívida pública) de 2,3%
do Produto Interno Bruto – o equivalente a R$ 110,9 bilhões. Entretanto, não
está afastada a possibilidade de o bloqueio ser bem menor do que os R$ 15
bilhões e que o objetivo fiscal do setor público acabe sendo revisto para baixo
(para até 1,8% do PIB) frente aos últimos resultados da economia. O IBC-Br do
Banco Central, que tenta medir o nível de atividade, recuou 1,4% em maio, no
pior resultado desde 2008, e o IPCA-15 mostrou desaceleração em julho. “Do ponto
de vista fiscal, o corte provavelmente não vai acontecer. O governo cogita não
fazer o corte. Isso geraria arrefecimento da atividade. Mesmo assim, R$ 15
bilhões têm um impacto muito pequeno do ponto de vista da geração do primário
e, do ponto de vista da demanda. É mais a sinalização. Para esse governo, a
preocupação sempre foi mais o crescimento. Aceita uma inflação um pouco mais
alta, desde que fique dentro da banda. Até 6,5% [de IPCA] é aceitável”, avaliou
Felipe Salto, da Tendências Consultoria. Para 2013 e 2014, a meta central de
inflação do governo é de 4,5%, com um intervalo de tolerância de dois pontos
percentuais para cima ou para baixo. Desse modo, o IPCA pode ficar entre 2,5% e
6,5% sem que a meta seja formalmente descumprida. Em 2011 e 2012, respectivamente,
o IPCA somou 6,5% e 5,84%. Em busca da confiança Economistas ouvidos pelo G1
consideram que o corte teria por objetivo tentar retomar a confiança nos rumos
da política econômica e, mesmo assim, pode não ser totalmente implementado.
Isso ocorre porque o bloqueio se dará em cima da previsão de gastos para todo
este ano (limite autorizado para 2013) – que pode ser novamente recomposta no
futuro, como já aconteceu em anos anteriores. Para atingir o objetivo de
retomar a confiança na economia, entretanto, o economista Felipe Salto avaliou
que o governo deveria anunciar um corte superior a R$ 15 bilhões. "O PIB
não vai crescer mais porque o governo deixou de contingenciar. Seria mais
favorável para atividade fazer o corte, mesmo que reduzisse a pressão sobre a
demanda, pois seria uma sinalização positiva para os próximos anos, com
possiblidade de crescer mais com uma poupança maior. O crescimento deste ano já
saiu das mãos do governo. O crescimento vai ser baixo mesmo, de 2%, vindo ou
não vindo esse corte", declarou ele. Nos quatro últimos anos, somente em
2011 a meta fiscal foi atingida sem o uso de manobras contábeis. Para 2013, a
meta de R$ 110,9 bilhões de todo o setor público, ou 2,3% do PIB, já contempla
um abatimento de R$ 45 bilhões em gastos do Programa de Aceleração do
Crescimento (PAC). Entretanto, há autorização formal para abater até R$ 65
bilhões neste ano, o que reduziria a meta para 1,8% do PIB. Impacto 'mínimo' na
inflação Segundo o economista Amir Khair, também especialista em contas
públicas, um corte de até R$ 20 bilhões somente faria "cosquinha" no
PIB – que se aproxima da marca dos R$ 5 trilhões. "É uma
miseriazinha", declarou. De acordo com ele, o efeito de um bloqueio de
despesas de, por exemplo, R$ 15 bilhões (cerca de 0,3% do PIB) também seria
pequeno na inflação. "O impacto deste corte na inflação é mínimo. A
inflação está desacelerando por outras razões. Os alimentos estão caindo",
declarou, acrescentando que, em sua visão, o BC está na contramão do mundo ao
subir os juros. Khair também avaliou que considera "estranha" a
análise do Banco Central, expressa por meio das atas do Comitê de Política
Monetária (Copom) e dos relatórios de inflação, de que, entre as causas da
inflação, estaria a "expansão fiscal" (aumento de gastos públicos). "Quem
faz expansão fiscal é o BC aumentando os juros básicos da economia. Como a
Selic já aumentou 1,25 ponto percentual neste ano [para 8,5% ao ano], a despesa
com juros do governo já subiu em R$ 33 bilhões. Isso tem efeito na riqueza.
Quem tem mais dinheiro, passa a gastar.
Melhorou o patrimônio e tem impacto sim na demanda. Mas sem a força do
impacto do custeio, que é maior", avaliou ele.
Fonte:G1
Nenhum comentário:
Postar um comentário