Desemprego e inflação assustam os brasileiros.

Indicadores antecedentes mostram aumento do pessimismo. Segundo pesquisa da CNI, 72% dos entrevistados acreditam que os preços vão subir e 51% esperam mais demissões.
Se depender da expectativa dos consumidores, dos empresários industriais e do mercado, o ano de 2013, que já não está bom, pode ficar pior. Vários indicadores antecedentes, que pretendem identificar as tendências futuras da economia, apontaram o aumento do pessimismo em julho. Segundo o Índice Nacional de Expectativa do Consumidor (Inec), divulgado ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), 72% dos brasileiros acreditam que a inflação aumentará nos próximos meses e 51%, que o desemprego será maior. E mais: 73% admitem que manterão o atual nível de endividamento ou ampliarão os débitos. Diante desse quadro, o Inec caiu 0,1% em julho ante junho e 2,7% na comparação com igual mês de 2012, para 110 pontos. Esse tombo foi puxado, sobretudo, pela preocupação dos consumidores com o custo de vida. Quando esse item é analisado isoladamente, o índice despenca 5,9% em relação a junho e 11,1% sobre julho do ano passado. "Quanto mais baixo for o indicador, maior é a preocupação das pessoas", afirmou o economista da CNI Marcelo Azevedo. O índice de julho para a inflação é o mais baixo desde 2001. Para Azevedo, o consumidor não percebeu o arrefecimento dos preços apregoado pelo governo e já está fazendo um prognóstico negativo para o emprego e a renda. "O Inec indica maior pessimismo da população quanto à capacidade da economia de continuar gerando novos postos de trabalho cirnos próximos seis meses", destacou. Ele lembrou que o Inec considera ainda a situação financeira, a intenção de compras de bens de maior valor, a evolução da renda pessoal e o nível de endividamento. Com exceção das compras de bens de maior valor, todos os índices são negativos na comparação com o ano passado.
Confiança
Não à toa, o Índice de Confiança da Indústria (ICI), que já vinha perdendo, terá desaceleração maior no segundo semestre do ano, conforme avaliação do coordenador da Sondagem Industrial da Fundação Getulio Vargas (FGV), Aloísio Campelo. O indicador caiu 4% em julho ante o mês anterior, ao menor nível desde julho de 2009 (95,7 pontos). Foi o recuo desde dezembro de 2008. Campelo credita os dados negativos, em parte, à onda de manifestações que se espalhou pelo país. "As expectativas estão em queda desde fevereiro. Mas, há dois meses, caíram mais fortemente. No entanto, o ambiente de incertezas para negócios também é reflexo do cenário interno, com endividamento em alta, renda em baixa e desaceleração da economia mundial", explicou. De 14 segmentos industriais analisados pela FGV, 10 registraram baixa da confiança, dois mostraram alta e dois ficaram estáveis. Para o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, há um descompasso entre o que o governo diz e a percepção dos consumidores, da indústria e do mercado. "É natural que todos estejam preocupados. O ambiente ficou muito negativo para os negócios e para o consumo. O governo foi leniente com a inflação e não fez o dever de casa, de cortar despesas", alertou.



Fonte: JC

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