Economia do setor público para pagar os juros da dívida caiu 20,5%
no primeiro semestre deste ano, totalizando R$ 52,1 bilhões. Como proporção do
Produto Interno Bruto (PIB), ficou em 2,25%. Em junho, esforço fiscal primário
chegou a R$ 5,4 bilhões.
Alvo
de críticas do mercado e até de técnicos da equipe econômica, a política fiscal
do governo Dilma Rousseff voltou a ser foco de preocupação. Ontem, o Banco
Central (BC) anunciou que a economia do setor público para pagar os juros da
dívida, chamada de superávit primário, caiu 20,5% no primeiro semestre,
totalizando R$ 52,1 bilhões. Como proporção do Produto Interno Bruto (PIB),
chegou a 2,25%, o menor resultado em 12 anos. Conforme reconheceu o chefe-adjunto
do Departamento Econômico do BC, Fernando Rocha, "o balanço fiscal do
setor público está em posição expansionista". Ou seja, o governo continua
gastando além do que deveria. Prova disso é que, quando se consideram todas as
receitas e despesas, incluindo os encargos da dívida, o setor público apresentou
um rombo de R$ 65,9 bilhões nos primeiros seis meses do ano, montante
equivalente a 2,85% do PIB. Essa conta, que os economistas classificam como
déficit nominal, está crescendo. Há um ano, ela correspondia a 2,13% do PIB. Apenas
em junho, o saldo negativo alcançou R$ 12,2 bilhões. A piora dos indicadores
fiscais joga ainda mais pressão sobre o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o
secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin. Grandes defensores da expansão
de gastos para estimular a retomada da economia, eles, agora, se vêem no centro
da desconfiança geral de empresários e investidores. Para o estrategista-chefe
do Banco WestLB, Luciano Rostagno, o corte de R$ 10 bilhões no Orçamento,
anunciado na semana passada, não será suficiente para dar credibilidade à política
fiscal. "Fica cada vez mais claro que a meta de economizar 2,3% do PIB em
2013 não será atingida, o que vai obrigar o governo a admitir que ou não vai
cumprir o superávit ou vai se valer de novas doses de criatividade contábil para
fechar as contas."Em junho, especificamente, o esforço fiscal primário
chegou a R$ 5,4 bilhões - o melhor os últimos dois anos -, graças a estados e
municípios, que conseguiram economizar R$ 3,1 bilhões. O resultado ajudou a reduzir
a dívida líquida, que mede a diferença entre os ativos e os passivos do setor
público, para 34,5% do PIB, o índice mais baixo desde 2001. O governo contou
também a ajuda da forte valorização do dólar, que alcançou 3,9%. Como o Estado
é credor em moeda estrangeira, quanto mais o dólar ganha força ante o real,
mais as reservas se valorizam no mercado. Ao todo, a variação cambial reduziu
em R$ 26,7 bilhões o endividamento líquido, no mês passado. Não fosse isso, a
dívida teria subido, ao invés de cair. Se a dívida líquida vai bem, o mesmo não
se pode dizer da bruta, que considera todos os passivos dos governos e das empresas
estatais. Em junho, mesmo com ligeira queda, ela atingiu R$ 2,7 trilhões, ou
59,3% do PIB. Apesar de elevado, o endividamento ficou abaixo do calculado pelo
Fundo Monetário Internacional (FMI), para o qual, em dezembro de 2012, o passivo
já alcançava 68% do PIB. Na semana passada, o ministro Guido Mantega enviou carta
à diretora-gerente do Fundo, Christine Lagarde, pedindo que sejam
contabilizados apenas os títulos públicos negociados no mercado, deixando de
lado os que estão na carteira do Banco Central. Ontem, o governo publicou no
Diário Oficial da União o decreto que altera a programação orçamentária e
financeira de 2013, trazendo o corte de R$ 10 bilhões no Orçamento. Com o novo
bloqueio nas despesas, o governo espera cumprir a meta de poupar este ano um
total de R$ 110,9 bilhões, ou 2,3% do PIB, para o pagamento dos juros da dívida
pública. O documento também permite que, por meio de portaria interministerial,
seja ampliado em até R$ 14,4 bilhões os limites de pagamentos dos ministérios.
Fonte: JC
Nenhum comentário:
Postar um comentário