Contra economia fraca, eficiência.

Resultados acima do esperado de grandes companhias brasileiras no segundo trimestre foram obtidos graças a corte de custos e outros ajustes, já que cenário segue desafiador e perspectivas não indicam mudança para os próximos meses.

Grandes companhias brasileiras conseguiram resultados acima do esperado pelo mercado no segundo trimestre, mesmo diante de um cenário mais desafiador para a economia. O desempenho, porém, foi calcado em ganhos de eficiência, ao invés de indicar uma perspectiva de melhora econômica, mostra que o setor privado do país está se preparando para tempos difíceis à frente. Empresas dos setores financeiro, de produção de aço, construção e de bens de consumo responderam à desaceleração da economia dos últimos meses com corte de custos e redução de investimentos e têm se mostrado reticentes sobre o desempenho da futuro da economia brasileira. Projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) do país este ano continuam caindo e, nesta semana, os economistas consultados pelo Banco Central estimaram crescimento de 2,21% em 2013, ante estimativas acima de 3% no início do ano. A perspectiva para 2014 também foi reduzida, para 2,5%. Enquanto isso, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado espécie de sinalizador do PIB subiu menos que o esperado em junho, segundo dados da autoridade monetária divulgados nesta quinta-feira. "Se consultar qualquer setor brasileiro, vão dizer que há uma reacomodação dos negócios", disse o superintendente da CGD Securities, Raffi Dokuzian. "O que mais me preocupa como investidor é o mercado interno. O endividamento das famílias está muito grande; a margem das empresas tem caído muito; tem empresa ficando no mercado mais porque acredita que 2014 vai ser melhor, uma vez que 2013 já foi", avaliou. "Não sei se o pior já passou." Neste cenário, os maiores bancos privados do país – Itaú Unibanco, Bradesco e Santander Brasil – divulgaram resultados trimestrais que tiveram ajuda de cortes de despesas, num cenário em que o governo federal tem pressionado os estatais Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal a emprestarem mais e a juros menores. O Banco do Brasil reduziu sua previsão de aumento nos empréstimos para pessoas físicas de 18% a 22% para 16% a 20% e afirmou que já atingiu o limite do movimento de redução de juros. "Não esperamos mais que a recuperação da economia do Brasil ocorra em algum momento em breve, principalmente porque esperamos que atritos políticos tornarão reformas muito necessárias improváveis de ocorrer até após as eleições de 2014", afirmou Andre Loes, economista-chefe do HSBC para a América Latina. Em relatório ao mercado intitulado "Jogando a toalha sobre a recuperação", Loes listou como fatores para a previsão de um crescimento menor a retração dos consumidores, menor confiança dos empresários, desaceleração do mercado de trabalho, inflação persistente e riscos políticos que podem levar a um aumento dos gastos do governo. O HSBC cortou suas expectativas de crescimento do PIB brasileiro de 2,4% para 1,9% em 2013 e de 3% para 2,2% em 2014. Para a economista e sócia da Tendências Consultoria Alessandra Ribeiro, as empresas precisarão continuar focando em melhoria de processos e redução de custos, pois a economia não deverá servir de apoio pelo menos até 2015. "A economia não vai ajudar muito no segundo semestre, inclusive, nem em 2014", afirmou ela, que prevê crescimento de 2% no próximo ano, mesmo com as concessões de infraestrutura. "A desconfiança é mortal para o investimento e a percepção é que vai ter de haver um ajuste na economia em 2015."


Fonte: JC

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