A
artilharia contra a disparada do dólar, apresentada na semana passada pelo
Banco Central (BC), foi insuficiente para que analistas do mercado barrassem o
movimento de alta das previsões para a inflação deste e do próximo ano. A
própria cotação da moeda para 2013 e 2014 subirá, na avaliação das cerca de 100
instituições consultadas pela autoridade monetária. A dívida líquida do setor
público também vai aumentar. Já a perspectiva para a balança comercial, que
seria a principal beneficiária da elevação, voltou a definhar. Mais dois dados
merecem destaque na pesquisa Focus, que o BC divulgou ontem. Um deles é a baixa
das estimativas para o Produto Interno Bruto (PIB), justo na semana em que o
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgará a taxa de
crescimento do País no segundo trimestre. Os analistas voltaram a diminuir as
previsões tanto para este ano (2,2%) quanto para 2014 (2,4%). O outro é o da decisão
do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre o rumo da taxa básica de juros, a
Selic. A previsão consensual que o mercado vem apresentando há algumas semanas é
de alta de 0,50 ponto porcentual, amanhã, para 9% anuais. Para o final deste
ano, porém, a estimativa subiu de 9,25% para 9,5% ao ano. Pela Focus, uma nova
elevação de meio ponto porcentual deverá ser observada na reunião de outubro. A
percepção de um avanço mais forte da taxa básica até o fim do ano se dá ao mesmo
tempo em que os analistas veem aumento da inflação. Independentemente do
horizonte ou do indicador que se escolha, a tendência é de aumento dos preços,
segundo a Focus. No caso do IPCA, que é o índice oficial do País, os analistas
alteraram o prognóstico para 5,80% em 2013, para 5,84% no final do ano que vem
e para 6,08% no acumulado daqui a 12 meses. Top 5 O grupo de profissionais que
mais acerta as previsões para o médio prazo, denominado pelo BC de Top 5,
estima que o IPCA de 2013 deverá ficar em 5,57%, e não mais em 5,47% como era
esperado uma semana antes. O movimento de alta das expectativas foi visto
também no IPC-Fipe (4,37%), no IGP-DI (4,55%) e no IGP-M (4,50%) deste ano. Até
as previsões para os preços administrados ou monitorados pelo governo – como o da
gasolina – foram afetadas, passando para 1,8%. Vale lembrar que a trajetória
das últimas semanas para esse conjunto de preços era de baixa. Entre outros
motivos, quem trabalha no mercado financeiro acredita que o dólar contribuirá
para a alta. De uma semana para outra, a Focus identificou uma elevação das
previsões: R$ 2,32 para a cotação no fim de dezembro e R$ 2,38 para 2014. A
previsão para o rombo das contas externas foi mantida em US$ 77 bilhões este
ano e da relação dívida/PIB voltou para o patamar de 35%. Superávit modesto No
comércio internacional, que poderia lucrar com a elevação da moeda norte-americana,
foi visto um movimento contrário. O humor do mercado piorou e a expectativa é
de um superávit de apenas US$ 3,4 bilhões - US$ 1 bilhão menos que o esperado há
uma semana. Para 2014, contudo, houve elevação da projeção para o saldo, que passou
de US$ 8 bilhões para US$ 9 bilhões.
Fonte: JC
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