De país das oportunidades, Brasil vira país que ‘respeita contratos’

“O Brasil respeita contratos”. A frase virou quase um mantra repetido pelos governantes do país em encontros com investidores estrangeiros nos Estados Unidos. Lá de Nova York, a presidente Dilma Rousseff e dois ministros da área econômica (Guido Mantega, da Fazenda e Fernando Pimentel, do Desenvolvimento) estão em missão em busca de credibilidade junto a investidores potenciais – mas desconfiados. Para não deixar afundar o programa que pode arrefecer o gargalo da produção no Brasil, o governo tenta desfazer a percepção de risco jurídico e financeiro que o país oferece hoje. Desde que foi lançado o Programa de Investimento em Logística (PLI), o governo gastou mais tempo mudando as regras do jogo do que executando as etapas planejadas – que incluem, por exemplo, os leilões para concessão de rodovias federais que começam a ser realizados só agora, já com uma pausa programada para uma nova reavaliação (com redundância) . Mesmo depois de ter recuado para se adaptar ao que os investidores consideravam condições mínimas para encarar o desafio de investir a longo prazo no país, o governo foi surpreendido com a falta de interesse de grandes corporações e empreiteiras nacionais e estrangeiras, nas partes mais atrativas do pacote de infraestrutura – as rodovias e a exploração do campo de Libra, onde está uma boa camada do pré-sal. Segundo o IBGE, a taxa de investimento no Brasil está hoje um pouco acima de 18% sobre o PIB. Na China, ela é de 47%. Perdemos até para a vizinha Argentina, que em 2012 teve uma taxa de investimento de 24% sobre o PIB. Ok, nos Estados Unidos é de pouco mais de 16%, mas o país já está “pronto”, com uma infraestrutura moderna e que alimenta a competitividade do país. Quando Guido Mantega assumiu o ministério da Fazenda, em 2006, esse indicador estava em 16,4%. Desde então, o máximo que conseguiu alcançar foi uma taxa de 19,5%, em 2010, quando crescemos incríveis 7,5%. Este ano, deveremos ter um PIB de 2%, depois do “pibinho” de 0,9% em 2012. Em Nova York, para a plateia de investidores estrangeiros, Mantega afirmou que “nos próximos anos”, o investimento no Brasil vai chegar a 23%, 24% do PIB. Para isso, o ministro confia no programa de infraestrutura lançado pelo governo, que prevê aportes de até R$ 200 bilhões. Foi-se o tempo em que o Brasil se apresentava como a terra das oportunidades, de uma gigante e promissora horda de novos consumidores. O tempo passou, os consumidores realmente chegaram, mas os investidores não vieram. Agora, para atrair o dinheiro pesado para o país, os lideres precisam repetir esse novo mantra: “o Brasil respeita contratos”.



Fonte: G1

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