Conselho de Administração da Petrobras analisa proposta que prevê
aumentos automáticos e periódicos dos preços da gasolina e do diesel, conforme
a necessidade de alinhamento com os valores praticados no mercado internacional.
A
Petrobras submeteu ao seu Conselho de Administração proposta de nova política
de preços que prevê reajustes automáticos e periódicos de combustíveis, conforme
a necessidade de alinhamento com os valores praticados no mercado
internacional. A metodologia está sob análise do ministro da Fazenda, Guido
Mantega, e demais membros do Conselho da estatal, e deverá ser aprovada ou
rejeitada até o dia 22 de novembro, quando está prevista a próxima reunião dos
conselheiros. Desta nova metodologia dependerão os robustos investimentos da
Petrobras ao longo dos próximos anos, sinalizou ontem o diretor financeiro e de
Relações com Investidores da companhia, Almir Barbassa, ao afirmar que a
política solicitada ao governo (sócio controlador da Petrobras) permitirá a implementação
do plano de negócios da estatal. "O que estamos prevendo é que a nova
política contemple a nossa previsibilidade e permita a implantação do plano de negócios
que temos", afirmou Barbassa em teleconferência com analistas para
comentar os resultados do terceiro trimestre, referindo-se aos investimentos de
US$ 236,7 bilhões previstos de 2013 a 2017. A atual política de preços da Petrobras,
com reajustes esporádicos que não acompanham valores internacionais no curto prazo
e provocam defasagem, está afetando a companhia no momento em que a empresa vem
importando derivados para fazer frente ao crescimento do consumo brasileiro,
principalmente por diesel. "Temos uma política de preços amplamente
conhecida que funcionou por muito tempo. Entretanto, ultrapassamos agora os
limites que nos auto-impusemos e tendo em vista o programa de investimentos
achamos por bem a adequação à realidade e a redução da alavancagem", afirmou
o executivo. A Petrobras quer mais aderência dos preços dos combustíveis que
vende no País aos valores praticados no mercado internacional, considerando que
as importações de combustíveis se tornaram cada vez maiores. Se for aprovada, a
metodologia permitirá reajustes automáticos conforme as periodicidade determinada
pela nova fórmula e a variação de preços de petróleo e derivados no mercado
internacional. Os reajustes, dessa forma, não vão demandar aprovação de
diretoria para serem realizados, disse o diretor da Petrobras. O lucro da
Petrobras no terceiro trimestre veio bem aquém da previsão de analistas, com
queda de 39% em relação ao igual período do ano passado, com impacto
principalmente da importação elevada de derivados por um preço elevado que não
foi repassado ao consumidor brasileiro. A nova metodologia terá foco nos
valores praticados para gasolina e óleo diesel, combustíveis que têm mais peso
tanto na receita da Petrobras quanto na inflação. Já produtos como nafta e
querosene de aviação não deverão ser incluídos na nova metodologia, segundo
Barbassa. "O que é relevante para a empresa são diesel e gasolina. Os demais
têm influência menor na geração de caixa", disse, acrescentando que os
dois derivados têm participação de cerca de 50% na receita da Petrobras.
Nafta e querosene de
aviação
A
companhia costumava reajustar mensalmente os preços de produtos como nafta e
querosene de aviação, pois o impacto desses combustíveis na inflação é bem
menor que a importância da gasolina e do diesel. Barbassa confirmou que a Petrobras
continuará usando a mesma metodologia para nafta e querosene de aviação, mas não
informou se os reajustes continuam ocorrendo mensalmente, como vem ocorrendo nos
últimos anos. O Conselho de Administração da Petrobras, presidido pelo ministro
Guido Mantega, preocupado com a inflação, pediu novas simulações e mais estudos
sobre a metodologia de preços requerida pela diretoria da empresa. A nova
fórmula vai dar previsibilidade de geração de caixa da companhia, como maneira também
de reduzir sua alavancagem financeira, disse Barbassa. Além da defasagem de
preços, a alavancagem da estatal voltou a subir no terceiro trimestre. A
relação dívida/patrimônio líquido subiu de 31%, em 31 de dezembro de 2012, para
36% em 30 de setembro, acima dos 35% considerados como teto desejável, disse
Barbassa. Ele evitou comentar se haverá mecanismo amortecedor para que
eventuais altas de preços não sejam integralmente repassados ao consumidor. A
Petrobras anunciou a aprovação da metodologia pela diretoria na sexta-feira,
junto com os resultados trimestrais, mas não divulgou detalhes do mecanismo na
nota. Os papéis preferenciais e ordinários da estatal brasileira registravam
forte avanço na Bovespa, depois de a companhia informar que sua diretoria
deliberou sobre uma metodologia de preços de combustíveis.
Fonte: JC
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