Processo da OGX será o de maior valor desde a nova lei de recuperação judicial, de 2005

Caso deve ser demorado, dizem especialistas. Aprovação de plano se dá por maioria simples.

A recuperação judicial da OGX será a de maior valor e a com mais credores internacionais do país desde a nova lei de 2005, que substituiu a antiga Lei de Falência. O caso também tende a ser demorado. Segundo Juliana Bumachar, sócia do Bumachar Advogados Associados, especializado em recuperação judicial, a empresa terá que apresentar um plano aos credores 60 dias após o pedido de recuperação ser deferido pelo juiz. - Como a OGX não chegou a um acordo com os credores (internacionais), terá que ajustar o plano para obter o aval deles - disse Juliana Mas o professor Cássio Cavalli, da FGV Direito Rio, lembra que, diferentemente das tentativas de acordo, no Judiciário a aprovação de um plano se dá por maioria simples. Os credores são divididos em três grupos. Entre os trabalhadores da empresa, a votação é por número de pessoas, independentemente do valor que cada um tem a receber. No casos dos credores com garantias e sem garantias, há duas votações: uma que considera o número de pessoas e outra que leva em conta o valor da dívida de cada um. - A recuperação tem de ser bem elaborada, comprovar a viabilidade de recuperação da empresa. Certamente a proposta de acordo rejeitada pelos credores será a base das negociações - contou o professor, ressaltando que os acionistas minoritários (que tentam evitar prejuízos) não participarão do processo. Paulo Nasser, advogado sócio do Miguel Neto Advogados e professor da PUC-SP, lembra que a recuperação judicial é uma opção da empresa, mas, a partir de seu pedido, é um caminho sem volta: ou a empresa é recuperada ou tem sua falência decretada. O empresário não pode voltar atrás. Após o juiz aceitar o pedido de recuperação, todas as dívidas e processos contra a empresa ficam suspensos por 180 dias, mas esse prazo pode ser ampliado. Ele afirma que a lei é um avanço e tem um histórico positivo: - Ela é mais moderna, se assemelha à lei americana. Tivemos boas resoluções com ela. O caso mais emblemático foi o da Varig, que teve certo sucesso: quase todas as rotas continuam em operação, pela Gol , mesmo com a falência posterior da empresa - disse.
‘Objetivo da lei é ressarcir credores’
Paulo Penalva, presidente da Comissão de Direito Empresarial do Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB), diz que o caso OGX tende a ser complexo e é o que terá o maior número de credores do exterior. Ele lembra, contudo, que o plano de recuperação tem de ser factível: - Os credores e o juiz vão analisar a viabilidade da proposta. No caso da empresa petrolífera, vão ver não apenas seus ativos, mas se a empresa terá fluxo de caixa para a operação, que é elevado no setor. Cavalli, da FGV, afirma que, caso os credores não aprovem o plano de recuperação da OGX, não há uma solução padrão: - Cada caso é um caso, a empresa pode ser vendida, pode ser desfeita e seus ativos vendidos individualmente... O objetivo da lei é maximizar os ativos e ressarcir aos credores o máximo possível. (Colaborou Danielle Nogueira)


Fonte: O Globo


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