Após
uma blitz da cúpula econômica e jurídica do governo na sexta-feira, ministros do
Supremo Tribunal Federal (STF) avaliam que o julgamento dos planos econômicos, que
começa depois de amanhã, deve ser decidido somente no início da 2014. Com isso,
a equipe econômica ganha dois meses para continuar na tentativa de cooptar votos
em favor dos planos econômicos e, em consequência, em favor dos bancos com o argumento
de que a eventual vitória dos poupadores retiraria R$ 1 trilhão da economia. O
ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do Banco Central, Alexandre
Tombini, visitaram integrantes da suprema corte acompanhados do advogado geral
da União, Luis Inácio Adams, e do procurador do BC, Isaac Sidney Menezes Ferreira.
Eles se reuniram com o presidente do STF, Joaquim Barbosa, e com os ministros Ricardo
Lewandowski e Rosa Weber. Nas audiências, a equipe econômica argumentou que a
derrota dos bancos geraria problemas para o mercado de crédito, para a
atividade econômica e para a geração de emprego e renda. "Se o julgamento
for favorável às teses dos poupadores, isso vai significar uma perda de R$ 105
bilhões no capital dos bancos, em valores de 2008, e de R$ 149 bilhões, em
valores atualizados", afirmou o procurador do BC. "Isso representa reduzir
um quarto do capital do sistema financeiro nacional com impacto para a
concessão de crédito, na medida em que os bancos trabalham
alavancandamente", acrescentou. No total, a retração do crédito chegaria a
R$ 1 trilhão, conforme os cálculos do BC. O governo vem pressionando os
ministros do Supremo nos bastidores com argumentos de calamidade financeira: se
os poupadores ganharem as ações, haveria quebra de bancos, queda no Produto
Interno Bruto (PIB), a arrecadação de impostos seria afetada e poderia sobrar
para a sociedade a conta de capitalizar a Caixa Econômica Federal. Na
quarta-feira, conforme a pauta do plenário, o tribunal começa a julgar o caso
por um processo que reúne os cinco planos: Cruzado, Bresser, Collor, Verão I e
Verão II. A ação requerida pela Confederação Nacional do Sistema Financeiro (Consif)
é relatada pelo ministro Ricardo Lewandowski, cujo voto é dado como certo em
favor dos poupadores. A escolha desse caso como primeiro item da pauta, também conforme
integrantes do Supremo, pode interferir a favor da tese dos poupadores. No
processo da Consif, dois ministros devem se declarar impedidos: Luís Roberto
Barroso e Luiz Fux. Assim, como se trata de uma questão constitucional e os
recursos têm repercussão geral, o governo e os bancos teriam de garantir no
mínimo cinco votos em favor dos planos econômicos. Se houver seis votos contra,
os planos serão declarados inconstitucionais. Com o plenário dividido e a
promessa de decisão apertada, a escolha do primeiro processo a ser julgado e a
sistemática da sessão pode impactar o resultado. O BC havia pedido que o
tribunal começasse a julgar o processo do Plano Real. O pedido, porém, foi
ignorado e o processo não foi sequer pautado.
Fonte: JC
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