Visto
por um lado, o Brasil é a sétima economia do mundo. Por outro, é um dos cinco
países mais frágeis do planeta na percepção do mercado internacional, ao lado
de Índia, Turquia, Indonésia e África do Sul. De nada adianta vangloriar-se da
posição de potência ascendente, ameaçada de revelar-se uma miragem se a
conjuntura crítica não for revertida. Portanto, urge focar nas correções de
rota necessárias para eliminar riscos. E não é pouco o que se tem a fazer. A
título de comparação, vejamos os Estados Unidos e a União Europeia, epicentros
da crise global iniciada, em 2008, com o estouro da bolha imobiliária
norte-americana. Nas duas regiões, os juros anuais giram em torno de 0,25% e a
inflação mantém-se abaixo dos 2%. Aqui, a expectativa é que o Comitê de
Política Monetária (Copom) do Banco Central eleve a Selic de 9,5% para 10% na
próxima quarta-feira, com os índices inflacionários já beirando os 6%. Culpa da
frouxidão no trato da economia nacional. Afinal, em vez de perseguir o
superavit primário (reserva para pagamento de juros da dívida), o governo,
perdulário, vai ajustando o objetivo à realidade, aceitando o factível como
inevitável. A postura repete-se quando se refere à inflação. Em vez de mirar o
centro da meta (de 4,5% ao ano, uma das mais altas entre todos os países
emergentes), o Executivo reage com naturalidade ao vê-la aproximar-se do teto,
os citados 6%. Mais: desequilíbrios nas contas públicas são justificados como
pontos fora da curva, excepcionalidades momentâneas. Na verdade, negar a realidade,
seja com discursos baseados em falsas premissas, seja com maquiagens e truques
contábeis, apenas contribui para agravar o problema. Da mesma forma, manipular instrumentos
econômicos sem os devidos cuidados. Vale lembrar, a propósito, que o Copom baixou
a taxa básica de juros a inéditos — para o Brasil — 7,25% ao ano, em cortes
sucessivos, até outubro de 2012, mantendo a Selic nesse patamar até abril
último, quando nova escalada teve início, forçada pelo recrudescimento da
inflação. Faltou seguir a sabedoria popular, segundo a qual cautela e caldo de
galinha não fazem mal a ninguém. Agora a presidente Dilma Rousseff anuncia
austeridade para 2014, já se antecipando às desconfianças quanto ao cumprimento
de mais essa promessa. Contudo, sua capacidade de convencimento precisa
ultrapassar as fronteiras nacionais, uma vez que a credibilidade externa do
País se deteriora a olhos vistos.
Fonte: JC
Nenhum comentário:
Postar um comentário