Famílias cortam consumo e reorganizam as dívidas.

Na hora de fechar as contas, consumidor recorre ao crédito pessoal, mas busca pelo recurso provoca alta do nível de endividamento em novembro, para 63,2%.

Com desaceleração no ritmo de consumo, as famílias tentam agora reorganizar as dívidas já contratadas. Para fazer isso, porém, essas estão recorrendo ao crédito pessoal, e esse movimento provocou alta do nível de endividamento em novembro, para 63,2%, conforme apurou a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O nível superou a parcela dos endividados registrada em outubro, que era de 62,1%, e do registrado em novembro de 2012, quando as famílias com contas a pagar eram 59% do total. A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) é realizada com cerca de 18 mil consumidores de todos os estados e do Distrito Federal. A expansão no financiamento de imóveis também contribuiu para a elevação das dívidas. De acordo com a CNC, 7,2% do total de famílias contrataram esse tipo de crédito, contra 6% em igual mês do ano passado. Esse aumento poderia sinalizar uma escalada da inadimplência nos próximos meses, observa a economista da CNC Marianne Hanson. Mas, apesar do crédito mais caro e da redução no ritmo de crescimento da renda, o prazo maior para o pagamento tem ajudado a manter essa estatística baixa. "É importante ressaltar que houve desaceleração no consumo, mas as pessoas continuam comprando. Não há queda nas vendas nem na oferta de crédito. O movimento ainda é compatível", avalia Marianne. Em novembro, o percentual das famílias que têm dívidas ou contas em atraso recuou para 21,2%, ante 21,6% no mês passado.
Inadimplência
Na opinião de Marianne, isso mostra que o perfil de endividamento não se reflete em inadimplência, pelo menos por enquanto. "No futuro, com novo aumento dos juros, ficará mais difícil renegociar. Isso pode levar a uma alta da inadimplência." Hoje, o percentual de famílias que declaram não ter condições de pagar suas contas ou dívidas em atraso – e que, portanto, permaneceriam inadimplentes – é de 6,6%. A proporção é menor do que em outubro (7,3%) e em novembro de 2012 (6,8%). A renda extra do 13º salário pode ser uma ajuda para as famílias na quitação de dívidas em atraso. Nos próximos três meses, o endividamento deve aumentar ainda mais, devido a fatores sazonais. A economista lembra que os meses iniciais do ano são marcados por reajustes em tarifas e mensalidades, além da cobrança de impostos e outras despesas pontuais. Por outro lado, o ritmo de criação de novas dívidas deve ser reduzido ao longo de 2014. "Dá para esperar que, com uma taxa de juros maior, as famílias desistam de contratar novos empréstimos ou financiamentos. Com esse movimento de alta de juros e um cenário com renda crescendo menos, fica cada vez mais difícil. Há pouco espaço para acomodar novos financiamentos", explica Marianne. Além disso, a oferta de crédito vai expandir em ritmo menor, disse a economista.



Fonte: JC

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