Cada
vez mais o serviço de meteorologia dos economistas não ligados ao governo
começa a indicar a tempestade perfeita para o país. Cada vez mais se aproxima a
data em que os EUA irão retirar progressivamente os estímulos monetárias e, com
isso, mexer na relação de equilíbrio existente entre os ativos, incluindo cesta
de moedas. O fato é que isso pegará o Brasil, com inflação beirando os
6,0% e com preços administrados
reprimidos, que exercerão forte pressão logo no início do próximo ano,
justamente na época prevista para começar a retirada dos estímulos. Mais que
isso, no olho dessa tempestade perfeita estaremos com a pior relação de
superávit primário, déficit nominal superior a 3,45% do PIB e déficit em conta
corrente no pior nível desde que a série é coletada. Além disso, com superávit
quase nenhum na balança comercial e investimentos externos diretos começando a
minguar. E que não se culpe, por favor, a crise externa, já que o governo teve
todo o tempo do mundo para se preparar e ajustar a economia local. A politica
fiscal deveria ter sido menos expansionista, mesmo com o Bacen versando sobre a
neutralidade que ninguém acreditou. Os gastos com custeios deveriam ser
reduzidos, Estados e Municípios deveriam cumprir a LRF ( lei de
responsabilidade fiscal) e o governo deveria cobrar por essa atitude, já que
deveria ser corresponsável por realocar o superávit primário. Perdemos precioso
tempo em tomar tais atitudes e boa culpa disso pode ser atribuída às eleições
majoritárias. Vai ser difícil fazer ajustes em ano de eleições e o pior é que
ainda não pode ser descartado o uso de medidas populistas, caso haja algum
risco da presidente Dilma não se eleger. Assim, caso a tempestade perfeita
sobrevenha, os estragos serão elevados e o próximo presidente que assumir em 15
terá inevitavelmente que adotar medidas absolutamente duras que tomarão boa
parte do mandato. Como nos tempos que correm a meteorologia tem obtido grandes
acertos e com larga antecedência, fica cada vez mais possível que isso ocorra,
caso o governo não produza forte guinada.
Fonte: A. Bandeira
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