Por unanimidade, Copom decide elevar taxa Selic em 0,5 ponto
percentual, de 10% para 10,5% ao ano, sem viés. Foi o sétimo aumento consecutivo
e o sexto dessa magnitude. Até a véspera da reunião, a maioria dos analistas do
mercado financeiro esperava alta de 0,25 ponto.
O
Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu ontem, por
unanimidade, elevar a taxa básica de juros, a Selic, em 0,5 ponto percentual,
para 10,5% ao ano, mantendo o ritmo de aperto monetário. "Dando prosseguimento
ao processo de ajuste da taxa básica de juros, iniciado na reunião de abril de
2013, o Copom decidiu por unanimidade, neste momento, elevar a taxa Selic em
0,5 ponto, para 10,5% ao ano, sem viés", informou o Copom em comunicado,
praticamente repetindo o texto utilizado no encontro anterior, acrescentando
apenas a expressão "neste momento". Foi o sétimo aumento seguido e o
sexto de 0,5 ponto percentual. Analistas do mercado financeiro e economistas divergiam
quanto ao aumento. Pesquisa o Jornal do Commercio e da agência Bloomberg mostrou
na segunda-feira que 31 de 44 analistas consultados previam alta de 0,25 ponto
da Selic, enquanto 13 esperavam aumento de 0,5 ponto. No mercado futuro de juros,
no entanto, a maioria das apostas ontem era de alta de 0,5 ponto percentual. Para
Antônio Madeira , economista da LCA, o ajuste promovido pelo Copom demonstra que
a maior preocupação do BC no momento é com a inflação. "Esse aumento de
0,5 ponto percentual provavelmente é resultado do IPCA, que foi conhecido na semana
passada", afirmou. A expectativa do economista era de que o BC subisse a
taxa em apenas 0,25 ponto. Segundo Madeira, a inclusão do termo "neste
momento" no comunicado não interfere na expectativa de novas altas na taxa
de juros. "O ponto importante é a expressão 'dando prosseguimento', que vem
sendo usada e continua sinalizando para novas altas. A dúvida agora é qual será
o ajuste na reunião de março. A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
(Fiesp) e o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) afirmaram, em
nota, que a decisão do Copom impede uma possível retomada da indústria. Para as
entidades, "em 2013, o crescimento da indústria não foi capaz de compensar
o encolhimento de 2,5% do ano anterior". Comércio A Fiesp e o Ciesp
disseram também que não é só a indústria que sofre. "Segundo o IBGE, o
volume de vendas do comércio varejista ampliado cresceu 3,4% no acumulado de
janeiro a outubro de 2013, taxa bastante inferior à expansão de 8,5% registrada
em igual período de 2012". "Com este novo aumento da taxa Selic, 2014
começa mal, indicando que a esperada retomada da indústria ficará para depois.
O Brasil não pode esperar. Precisamos nos libertar da política exclusiva de
aumento de juros e ter como novo foco o crescimento econômico. A inflação
precisa ser contida, mas é necessário buscar alternativas para combatê-la que
não penalizem tanto a atividade econômica e a vida das empresas e das
pessoas", afirma Paulo Skaf, presidente da Fiesp/Ciesp. A Federação das
Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) criticou o aumento da Selic e
afirmou que a melhor forma de frear a inflação é por meio de redução dos gastos
públicos. "Nos últimos três anos, a economia brasileira conviveu com um
quadro de baixo crescimento e inflação acima da meta estabelecida. Para 2014, as
expectativas indicam um resultado ainda menor para o PIB (Produto Interno
Bruto) e uma inflação mais elevada. Esse cenário não deixa dúvidas a respeito
da necessidade de alterações na política econômica em curso", afirmou a Firjan
em nota. Para a federação fluminense, a solução não passa por mais juros e
menos superávit primário. "Por isso, o Sistema Firjan insiste na
importância da adoção de uma política fiscal norteada pela redução dos gastos
correntes e que efetivamente reduza a pressão exercida pelo consumo do governo sobre
a inflação. Caso contrário, dificilmente o País poderá conviver com a tão
almejada combinação de crescimento econômico e inflação controlada", diz o
comunicado. A próxima reunião do Copom está marcada para os dias 25 e 26 de
fevereiro. (Com agências).
Fonte: JC
Nenhum comentário:
Postar um comentário