IPCA surpreende e fecha 2013 em 5,91%.

Puxado pelo custo com gasolina, passagens aéreas e alimentação, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou alta de 0,92% em dezembro, a maior desde 2002. No acumulado de 2013, a taxa, que baliza as metas de inflação do governo, fechou em 5,91%, superando as projeções mais pessimistas do mercado financeiro. O resultado jogou por terra as previsões do Ministério da Fazenda e do Banco Central (BC) de contabilizar em 2013 uma inflação inferior à de 2012, de 5,84%. Embora abaixo do teto da meta do governo, o IPCA, calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontou para inflação mensal nos patamares de 2002 e 2003, quando o temor de investidores em relação às eleições presidenciais fez o dólar atingir R$ 4. O governo minimizou o dado, enquanto diversos economistas alertaram para a gravidade do problema da inflação, projetando um quadro ainda de alta neste ano. "Não há nenhuma perspectiva futura de descontrole da inflação", disse o secretário-executivo e ministro em exercício da Fazenda, Dyogo Oliveira, destacando que o governo já esperava que o IPCA de dezembro fosse "um pouco mais alto", por causa da gasolina e das passagens de avião. Já a economista Alessandra Ribeiro, sócia da Tendências Consultoria Integrada, classificou o resultado como "desastroso", levando em conta o esforço com desonerações e com o controle dos preços administrados, como o da energia elétrica. "É muito ruim, em um ano no qual o governo fez de tudo e tomou medidas que custaram caro", disse. Analistas preveem inflação pressionada neste ano porque consideram inviável a continuidade do controle sobre preços administrados e desconfiam da disposição do BC em elevar a Selic, a taxa básica de juros, hoje em 10% ao ano. Muitos economistas seguiram prevendo que o ritmo de alta cairá para 0,25 ponto percentual na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) desta semana, embora defendam a manutenção das elevações de 0,5 ponto, dose adotada a partir de maio passado. A aceleração da inflação em dezembro (em novembro, o IPCA tinha sido de 0,54%) foi puxada pelo reajuste dos combustíveis (em 30 de novembro) e pelos preços das passagens aéreas – a gasolina subiu 4,04% e contribuiu com 0,15 ponto percentual no índice mensal e as passagens de avião avançaram 20,13%, contribuindo com 0,12 ponto. Para Tatiana Pinheiro, economista do Banco Santander, houve surpresa com a gasolina. A previsão, de acordo com ela, era de que a alta de 4% no combustível na refinaria gerasse reajuste de 2% para os consumidores. Mesmo assim, a coordenadora de Índices de Preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos, chamou atenção para o grupo Alimentação e Bebidas, com aceleração e impacto importante em dezembro (avançou 0,89%, ante 0,56% em novembro), seguindo uma tendência verificada ao longo de todo o ano passado, quando foi o grande vilão, com alta de 8,48%. Isoladamente, os itens de maior impacto no IPCA anual foram refeição fora de casa, aluguel residencial e empregado doméstico, informou o IBGE. "A refeição em restaurantes agrega o aumento dos alimentos", afirmou Eulina. Segundo ela, há também um efeito de demanda crescente. No acumulado de dez anos, os preços da alimentação fora de casa subiram 133,71%, enquanto a comida no domicílio ficou 78,70% mais cara. Isso se reflete na inflação de serviços, que segue pressionada há anos. Em 2013, fechou em 8,75%, ante 8,74% em 2012. Só em dezembro, foi de 1,16%, contra 0,65% em novembro. Entram nessa conta os preços de alimentação fora, aluguel, passagens aéreas e cabeleireiro.



Fonte: JC

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