Para gestora Pimco, falta ‘ordem e progresso’ ao País.

O conjunto equivocado de políticas econômicas usadas pelo Brasil para estimular a economia precisa passar por mudanças dramáticas, avalia a gestora Pimco, que tem o maior fundo de bônus do mundo e vem reduzindo sua exposição a papéis brasileiros. O ambiente no País para estrangeiros vem sendo caracterizado por tudo, menos por ordem e progresso, diz artigo enviado nesta quinta-feira pela gestora a investidores. O artigo recebeu o título, em português, da expressão escrita na bandeira brasileira. O gestor responsável por mercados emergentes da Pimco, empresa que administra US$ 2 trilhões em recursos, Michael Gomez, escreve que faltam justamente ordem e progresso para melhorar o clima de investimento para os estrangeiros interessados em emergentes, que por isso vêm exigindo prêmios cada vez mais altos para comprar papéis do País. Para o gestor, o Brasil deveria alterar "dramaticamente" sua política econômica e voltar à ferramenta que funcionou tão bem no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, de comprometimento fiscal. A estratégia, escreve ele, é ancorar as decisões do governo a uma meta firme e crível de superávit primário. Um aperto na política fiscal iria "imediatamente dispersar as preocupações" sobre a deterioração das condições de crédito do Brasil e reduziria bastante a possibilidade de rebaixamento do rating soberano. "As coisas ainda podem melhorar a partir de agora, desde que o governo repense os remédios para os desafios do Brasil", afirma Gomez, destacando que o País ainda tem papéis atrativos. Até agora, o conjunto de políticas econômicas colocado em prática se mostrou mais danoso que benéfico, diz ele, destacando que o País deve ter em 2014 mais um ano com expansão do Produto Interno Bruto (PIB) abaixo dos 3%. Como resultado dessas políticas erradas, Gomez cita que o Brasil vem sendo penalizado pelos investidores estrangeiros. Os juros pagos em bônus da dívida brasileira em reais com rating "BBB" no mercado local são 500 pontos-bases maiores que os pagos pela Rússia em papéis com a mesma classificação de risco, apesar de a inflação naquele país ser 60 pontos maior que a brasileira. Os investidores estão exigindo mais prêmios do Brasil para emprestar em reais do que para a Grécia em euros, diz ele em outro exemplo. O conjunto equivocado de políticas do governo de Dilma Rousseff, escreve o gestor, se baseia em uma política fiscal expansionista, com injeção de bilhões nos bancos públicos para estimular o crédito a juros subsidiados, e aperto monetário. "Mas este conjunto de medidas, que reduziu a confiança dos agentes, distorceu as taxas de juros locais, enfraqueceu o real e injetou prêmio de risco nos papéis soberanos é prontamente possível de ser consertado", afirma no artigo. O gestor dedica boa parte do artigo para analisar a estratégia do governo de estimular o mercado de crédito via bancos públicos. Para Gomez, isso só aumenta a desconfiança dos investidores, inclusive sobre a piora da qualidade dos ativos de crédito destes bancos e da piora dos fundamentos do governo, na medida em que esses empréstimos são feitos com juros subsidiados. O gestor cita ainda que o aperto na política monetária, trazendo os juros de volta para os dois dígitos, terá impacto negativo nos investimentos do setor privado. O mercado de ações brasileiro foi um dos piores do mundo em 2013, o crescimento econômico do País é fraco, as contas fiscais estão se deteriorando e ainda há ameaça de rebaixamento do rating soberano pela Standard & Poor’s, destaca Gomez no artigo.



Fonte: JC

Nenhum comentário:

Postar um comentário