O
Brasil foi o país que adotou o maior número de medidas contra importados em
2013 no mundo, com um total de 39 aberturas de ações de antidumping. Os dados
fazem parte de um informe preparado pela Organização Mundial do Comércio (OMC)
e que alerta que o volume de novas barreiras no mundo no ano passado foi 30%
superior ao número de 2012. Os dados serão debatidos nesta segunda-feira, 17,
em Genebra, numa reunião convocada para tratar do protecionismo no mundo. A OMC
não acredita que exista um "surto" de protecionismo na economia
mundial. Mas vai apelar aos governos para que coloquem o combate às barreiras
como uma prioridade. No total, 407 barreiras foram implementadas no mundo, 100
mais que em 2012. A OMC não entra numa avaliação se as medidas são ilegais ou
não. Mas insiste em que governos precisam continuar alertas diante das pressões
protecionistas. No total, um fluxo de comércio equivalente a US$ 240 bilhões
foi afetado pelas barreiras. No que se refere ao Brasil, a OMC aponta que 39
novas investigações de dumping foram abertas pelo País em 12 meses. O segundo
lugar ficou para a Índia, com 35 casos. Os americanos vêm na terceira posição,
com 34 casos. O quarto lugar é da Argentina, com 19 casos. Nos últimos dois
anos, o Brasil já vem sendo duramente questionado na OMC por sua política
comercial. Na semana passada, a Europa deu claras indicações de que vai
recorrer aos juízes internacionais para julgar a política de incentivos fiscais
do Brasil, numa ação que pode contar até mesmo com o apoio de Washington. Bruxelas
alertou que programas como o de redução de IPI foram anunciados como medidas
provisórias, mas acabaram se transformando em políticas industriais permanentes
no Brasil. De fato, outra preocupação generalizada da OMC é de que as barreiras
adotadas desde o início da crise, em 2008, não venham sendo retiradas com o
mesmo ritmo das novas medidas protecionistas. No mundo, as medidas adotadas por
governos para facilitar o fluxo de bens despencaram em 2013, somando apenas 107
casos pelo mundo e 50 a menos que em 2012. No mesmo período, o número de países
que atenderam ao pedido da OMC para detalhar as medidas comerciais adotadas no
ano caiu de 39 em 2012 para 35 em 2013. Quatro de cada cinco membros da OMC nem
sequer comunicou à entidade o que tem feito em termos de medidas comerciais. Em
entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo no fim de 2013, o diretor-geral da
OMC, Roberto Azevêdo, já havia afirmado que um dos problemas desde o início da
crise mundial em 2008 é que 80% das medidas para barrar o comércio e declaradas
como iniciativas "temporárias" na realidade jamais foram desmontadas.
O temor de especialistas é que, uma vez implementadas, as barreiras não serão
mais eliminadas. O que a OMC também constatou é que o número de acordos
bilaterais e regionais de comércio continua em plena expansão. Apenas em 2013,
houve 23 novos tratados, fazendo com que o total atingisse 250. Segundo a
entidade, um número elevado continua sendo negociado, no que pode ser um
obstáculo para a OMC continuar a ser o foco do comércio mundial e do
estabelecimento de regras.
Comércio
No
que se refere ao fluxo de bens em 2013, a OMC não esconde que a taxa de
expansão ficou abaixo de 2,5%, sua previsão inicial para o ano. Segundo a
entidade, se não fosse pelos países emergentes, o comércio global teria
encolhido, um cenário que teria repetido a crise de 2009. Para 2014, a OMC
destaca uma aceleração nos fluxos de bens. Mas diz que a taxa deve ficar abaixo
da média dos últimos 25 anos, quando o crescimento foi de 5,5%. Para este ano,
o melhor cenário aponta uma expansão de 4,5%. As informações são do jornal O
Estado de S. Paulo.
Fonte:FolhaVitória
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