CUSTO DO DINHEIRO - BC: juros médios chegam a 41,2% ao ano, o maior nível em 24 meses.


Na esteira do ciclo de aumento da taxa Selic, iniciado em abril do ano passado, famílias e empresas continuam a pagar mais juros para se financiar. O chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Túlio Maciel, classificou as elevações como "abrangentes" por terem ocorrido em praticamente todas as modalidades. As taxas médias das operações com recursos livres subiram para 31,5% ao ano em fevereiro, alta de 0,8 ponto percentual frente a janeiro. Para os consumidores, o custo das operações bateu no maior nível em 24 meses, 41,2% ao ano depois de uma elevação de 1,3% entre o primeiro e o segundo mês de 2014. Apesar do crédito mais caro, porém, a inadimplência do sistema financeiro permaneceu estável em 3% no primeiro bimestre. O cheque especial, modalidade mais cara entre as listadas pelo BC, registrou juros médios de 156,6% ao ano em fevereiro, maior nível desde junho de 2012. Na comparação com janeiro, as taxas médias desse tipo de operação apresentaram alta de 2,6%. Em 12 meses, a elevação foi de 18,1%. Questionado sobre o aumento das taxas mesmo em um cenário de queda de inadimplência, Maciel explicou que outros fatores também influenciam a diferença entre o que o banco paga para captar e o que ele cobra ao emprestar. "A composição da carteira dos bancos e o perfil dos tomadores também impactam spreads, não apenas a inadimplência." Na avaliação de Maciel, o aumento dos juros em várias operações de crédito não se explica apenas pelo processo de aperto monetário, que levou a Selic de 7,25% ao ano, em abril do ano passado, para 10,75%, em fevereiro de 2014. Ele argumentou que à medida que os tomadores que oferecem menor risco migram para o crédito consignado ou para opções mais baratas, com isso, as demais modalidades tendem a ficar com juros mais elevados. "Aquelas outras modalidades, como o cheque especial, vão ficando com o remanescente, com o tomador de maior risco. Isso ajuda a explicar a elevação da taxa de juros do cheque especial e do (crédito pessoal) não consignado", justificou Maciel.
Calote
Para o Banco Central, o quadro é "benigno" e a tendência para o total de dívidas em atraso há mais de 90 dias, quando o sistema a classifica como calote, é de desaceleração. A inadimplência das famílias, recuou de 6,6% em janeiro para 6,5% em fevereiro, o menor nível desde abril de 2011. Nos atrasos de 15 a 90 dias, que são considerados indicador antecedente da inadimplência, houve recuo de 0,3 ponto percentual, para 6,2%, o menor valor da série. "Inadimplência tem quadro benigno, favorável, com antecedentes mostrando continuidade dessa situação", disse Maciel. "As taxas de juros e spreads mantiveram a tendência de subida", observou Eleonora Loureiro, economista do Itaú Unibanco. "Para o crédito livre, houve aumento de taxas de juros e spreads. Já para o crédito direcionado, houve queda das taxas de juros apesar do aumento nos spreads", relatou. Os bancos públicos, segundo o BC, continuam a apresentar o maior avanço da carteira de crédito: 0,8% entre o primeiro e o segundo mês de 2014 e 22,7% em 12 meses. Os privados nacionais, crescimento de 0,6% na comparação mensal e de 6,5% na anualizada. Para especialistas, o elevado endividamento das famílias, o peso da inflação sobre o orçamento e a alta dos juros colocaram um freio na tomada de crédito. As operações para as famílias, com recursos livres, apresentaram recuou de 0,3% entre janeiro e fevereiro. Nicola Tingas, economista chefe da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi), avalia que os consumidores estão passando por um processo de saneamento das contas. "Há uma perda de flexibilidade do orçamento das famílias", ponderou.





Fonte: JC

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