A grama é mais verde do lado de fora.
A revista The Economist faz uma
observação sobre o mau humor dos investidores brasileiros em comparação com os
estrangeiros que estão otimistas e continuam apostando na economia do país. De
acordo com a revista, o Brasil ainda atrai capital externo, mas uma enxurrada
de editoriais e artigos na mídia contra o governo, pode ter azedado a opinião
dos empresários brazucas. Veja abaixo trechos da matéria.
O governo brasileiro vem se
esforçando nos últimos tempos para mudar a imagem da economia do país abalada
por anos de intervencionismo com a percepção de fraco crescimento e alta da
inflação. Em fevereiro, a presidente Dilma Rousseff falou docemente aos
investidores em Davos, pela primeira vez desde que assumiu o cargo em 2011. No
mesmo mês, seu ministro da Fazenda, Guido Mantega, apresentou um orçamento
revisto para 2014, com 44 bilhões de reais (US $ 19 bilhões) em cortes e uma
meta para o superávit primário de 99 bilhões de reais , ou 1,9% do PIB. Nos
últimos dias, no entanto , a credibilidade do governo tomou um baque . Em
primeiro lugar, em 13 de março, Mantega admitiu que os R$ 9 bilhões para apoiar
empresas de energia elétrica devido aos altos custos das térmicas acionadas por
conta da falta de chuvas, não seriam suficientes. De acordo com o ministro,
seriam necessários mais 12 bilhões de reais.O Tesouro iria desembolsar R$ 4
bilhões, financiados em parte pelo aumento dos já elevados impostos. Os
restantes R$ 8 bilhões viriam de empréstimos bancários para a Comercialização
de Energia Elétrica Câmara (CCEE), uma câmara de compensação para o mercado de
energia elétrica. O custo seria repassado aos consumidores, somente após as
eleições gerais em outubro. Não ficou claro porque os bancos privados
emprestariam esse montante de recursos a uma entidade privada, sem que houvesse
uma discussão sobre ativos como garantia. Em 17 de março , o ministro da
Previdência Social , Garibaldi Alves, disse ao jornal Valor que haveria um
déficit de mais de R$ 40 bilhões incluídos no orçamento estava sendo muito
otimista, "não discutiram com a gente", disse o ministro. Garibaldi
prevê que o déficit da área deverá ficar mais próximo de R$ 50 bilhões, o mesmo
do ano passado e em conformidade com as estimativas do setor privado. Com
manchetes como estas não é de admirar que os investidores brasileiros estão
pessimistas. Mais desconcertante ainda é o fato de que os seus homólogos
estrangeiros parecem estar menos desanimados. Esta é a grande dúvida sobre a
economia brasileira: os investidores do país, alimentados com uma dieta diária
de notícias amargas, são mais bem informados do que os estrangeiros sobre a
condição verdadeira da economia do país? Ou a opinião pública azedou diante de
uma enxurrada de editoriais e artigos que tendem a variar de altamente crítico
à Dilma Rousseff para furiosamente anti- governo? Em um recente artigo no
Valor, Tony Volpon, um corretor da Nomura, oferece uma explicação alternativa.
Considerando a carteira de um investidor típico local, predominantemente
formada com ativos brasileiros, as carteiras dos estrangeiros são mais
diversificadas. "Quando dizemos que os investidores estrangeiros são mais
otimista sobre o Brasil, devemos sempre acrescentar que esta relação leva em
conta outros mercados emergentes. Uma razão boa razão para esse otimismo dos estrangeiros
é a condição robusta das reservas internacionais brasileiras. Mas por outro há
também razões para o descontentamento local: as altas taxas de juros empurradas
para cima pela inflação persistente de cerca de 6 % ao ano. Investidores
externos institucionais ainda podem emprestar a taxas mais baixas em casa e
dispor de dinheiro no Brasil, onde se pode ganhar em torno de 12,75% ao ano ao
longo de cinco anos, em comparação com 11,1 % na Turquia, 8,95 % na Índia ,
7,9% na África do Sul ou 5,1% em México. Mas Volpon também acha que os
estrangeiros , incluindo as agências de rating, como a Standard & Poors,
que está analisando as contas públicas brasileiras, estão apostando em mudanças
da política econômica após a eleição, caso Dilma Rousseff vença as eleições.
Ele aponta para uma correlação inversa entre os fluxos de capital e qualidade
de formulação de políticas econômicas.
Fonte: JB
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