A
presidente da República declarou que a oposição tenta destruir a imagem da
Petrobrás. Dilma Rouseff continua, portanto, na linha da humildade absoluta –
cogita existir alguém capaz de destruir a imagem da Petrobrás melhor que ela e
seu governo. É uma lição de modéstia. Andaram retrucando na internet que a
verdadeira destruição da imagem da Petrobrás é Dilma e a presidente da empresa
posando juntas de macacão laranja – mas isso é coisa de gente machista e reacionária.
É por essas e por outras que o PT trabalha duro para consertar as verdades
nacionais, como se vê no IBGE. É intolerável a existência de um instituto de
estatística que possa, a qualquer momento, divulgar números desagradáveis para
a revolução do proletariado. Só pode ser conspiração da direita, como diria o
companheiro Delúbio. Note-se o índice de inflação. Como todo o trabalho do
governo popular para dar um banho de loja nos preços, com a maquiagem
caprichada das tarifas públicas, vem o IBGE e mostra, sem a menor
sensibilidade, que a inflação estoura o teto da meta. Não há revolução que
aguente um órgão público alienado desse jeito. O ideal seria internar todo o
corpo técnico do IBGE no STF, para um workshop com aqueles juízes que sabem
como inocentar quadrilheiros sem perder a pose acadêmica. Entre os preços
maquiados pelo governo popular está o da gasolina. Isso não ajudou a destruir a
imagem da Petrobrás, coisa da oposição. Ajudou a destruir a própria Petrobrás,
derrubando o valor da empresa no mercado. Ou seja: esconder inflação custa
caro, e é insuportável que esses técnicos sem noção do IBGE venham jogar todo
esforço no lixo, com seus números desobedientes e alienados. Mas isso não ficará
assim. Numa manobra revolucionária, a presidência do IBGE suspendeu até o fim
do ano a divulgação da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios)
continua, que traz dados sobre emprego e renda. A ideia é rever a metodologia.
As pesquisas sobre desemprego são importantes demais para ficar nas mãos de
pesquisadores. Houve de imediato uma rebelião no corpo técnico, com a renúncia
da diretora de pesquisa e ameaça de paralisação das atividades. Se o governo
popular tivesse a coragem da companheira Cristina Kirchner, botava logo todo
mundo no olho da rua e passava a divulgar números feitos em casa, como
sensibilidade social e consciência política - como deve ser toda estatística.
Espelho bom é o que satisfaz o dono. Interessante notar que o pedido formal
para a manobra metodológica do IBGE veio da senadora Gleisi Hoffmann, candidata
do PT ao governo do Paraná. Quem é o amigo de fé, irmão camarada e coordenador
da campanha eleitoral de Gleisi? Ele mesmo, o político mais famoso do momento,
o homem que era vice-presidente da Câmara dos Deputados e teve de renunciar por
pressão dos invejosos que não têm um doleiro para chamar de seu: André Vargas.
Foi, portanto, muito oportuna a iniciativa de Gleisi Hoffmann pela intervenção no
IBGE, dentro da doutrina petista de botar a verdade nos trilhos. Alguém que
convive com André Vargas e a turma que faz brotar dólares na palma da mão não
pode deixar que a informação circule por aí solta assim, como uma libertina.
Vai que a oposição fica sabendo o que não deve resolve destruir também a imagem
da senadora – como fez com a Petrobrás? Por uma dessas coincidências da vida, o
mesmo doleiro que sugava a Petrobrás abastecia o companheiro e financiador de
Gleisi Hoffmann. Deve ser tudo uma armação da oposição para destruir a imagem
de todas essas pessoas de bem. Curiosamente, uma das empresas do tal doleiro
repartiu negócios com a Delta, líder das pilantragens no Dnit e nas obras do
PAC – área sob supervisão da Casa Civil, então chefiada por Gleisi Hoffmann.
Naturalmente ela não sabia de nada. Só sabia que podia confiar em André Vargas.
O bom disso tudo é que o Brasil também confia em todos eles. A linhagem da Casa
Civil que desemboca na parceria de André Vargas tem ninguém menos que Erenice
Guerra, Antonio Palocci e José Dirceu, entremeados por Dilma Rousseff. O novo
IBGE deveria fazer a pesquisa de renda só com essa turma. Chega de estatísticas
tristes.
Fonte:
G. Fiuza
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