Segundo a ata do
Copom, inflação mostra resistência e efeito do juro ainda está 'em parte' por
se materializar; na última reunião, BC manteve a taxa Selic em 11% ao ano.
Para justificar a parada no processo de
aumento da taxa básica de juros, o Banco Central afirmou que os efeitos de alta
Selic nos últimos meses "em parte" ainda estão por se materializar na
economia brasileira. É o que mostra a ata da última reunião do Comitê de
Política Monetária (Copom), divulgada na manhã desta quinta-feira, 5. Segundo
ata, a elevada variação dos índices de preços ao consumidor nos últimos doze
meses contribui para que a inflação ainda mostre resistência. "Concorrem
para isso dois importantes processos de ajustes de preços relativos ora em
curso na economia - realinhamento dos preços domésticos em relação aos
internacionais e realinhamento dos preços administrados em relação aos
livres", diz o documento. Os integrantes do Copom reconhecem que os
ajustes de preços relativos têm impactos diretos sobre a inflação e reafirmam
sua visão de que a política monetária pode e deve conter os efeitos de segunda
ordem deles decorrentes. O BC destaca na ata que para combater essas e outras
pressões inflacionárias, nos últimos doze meses as condições monetárias foram
apertadas. "Mas o Comitê avalia que os efeitos da elevação da taxa Selic
sobre a inflação, em parte, ainda estão por se materializar", reforça a
ata. O BC repetiu na ata avaliação de que é plausível afirmar que, na presença
de níveis de confiança relativamente modestos, os efeitos das ações de política
monetária sobre a inflação tendem a ser potencializados. Na reunião do Copom, o
BC decidiu manter a Selic em 11% ao ano.Com a decisão, a autoridade monetária
encerrou o mais recente ciclo de alta dos juros, que elevou a taxa básica em
3,75 pontos porcentuais desde abril de 2013, quando a Selic estava em 7,25% ao
ano, menor nível da história.
Inflação.
A projeção para a inflação em 2014 caiu,
mas segue acima do centro da meta do governo, de 4,5%. Para 2015, no cenário de
referência, a projeção de inflação também recuou em relação ao valor
considerado na reunião de abril, mas também permanece acima do centro da meta. No
cenário de mercado, a projeção para 2014 também caiu em relação ao valor
considerado na reunião de abril, porém permanece acima da meta para o IPCA.
Para 2015, a projeção de inflação neste cenário foi mantida "relativamente
estável" e continua superior ao valor central da meta. No Relatório
Trimestral de Inflação (RTI), divulgado no fim de março, o BC informou que a
expectativa de inflação ao final de 2014, pelo cenário de referência, era de
6,1%, embora ainda não considerasse os juros em 11%. No cenário de mercado, a
projeção do RTI para o final de 2014 era de 6,2%. Entre os pontos que ainda
devem pressionar a inflação, está o reajuste do preço da gasolina. O Banco
Central aumentou a projeção de reajuste de 0,6% para 1,8% em 2014. Além da
gasolina, a ata citou o preço de energia. O Banco Central passou a considerar
um impacto maior das tarifas de energia na inflação até o fim do ano. O Copom
aumentou de 9,5% para 11,5% a estimativa de aumento nos preços de eletricidade
em 2014. O BC considera, ainda, que ocorrerá redução de 4,2% nas tarifas de
telefonia fixa. A previsão anterior era de estabilidade. A projeção de reajuste
dos preços administrados, tanto para 2014 quanto para 2015, foi mantida em 5%.
Segundo a ata da última reunião, a projeção para este ano considera variações
de preços, ocorridas até abril, de 1,8% no preço da gasolina e de 0,5% no gás
de bujão. Na ata referente à reunião anterior, esses valores eram,
respectivamente, de 0,6% e 0,3%, considerando variações ocorridas até
fevereiro.
Dólar
e juro.
O Copom informou que reduziu sua premissa
para o câmbio para R$ 2,20 pelo cenário de referência. Na ata anterior,
divulgada em abril, a projeção era de R$ 2,30. O valor considerado para o dólar
está um pouco abaixo do valor negociado no dia em que o colegiado decidiu
encerrar o ciclo de aperto monetário, deixando a Selic em 11% ao ano, quando o dólar
fechou em R$ 2,2330. No mercado futuro, o dólar para junho fechou no dia da
reunião do Copom, na semana passada, em R$ 2,2350. Para a taxa básica de juros,
o colegiado ampliou a premissa considerada de 10,75% para 11% ao ano.
Fonte:
Estadão
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