JUROS BÁSICOS - BC mantém Selic em 11%.

Taxa fica estável pela quarta reunião seguida, conforme era esperado pelo mercado. Retirada da expressão ‘neste momento’ do comunicado do Copom indica que a autoridade monetária vai esperar pelos próximos desdobramentos econômicos.

Na última ação de política monetária antes do primeiro turno da eleição presidencial, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu ontem, por unanimidade, manter a taxa básica de juros, a Selic, em 11% ao ano, nível em que se encontra desde abril. A manutenção veio ao encontro da expectativa da maior parte do mercado financeiro. Pesquisa do Jornal do Commercio e da agência de notícias Bloomberg, publicada na edição de segunda-feira, mostrou que 16 de 17 especialistas consultados apostavam na estabilidade da Selic. A grande novidade da reunião de ontem foi a retirada da expressão "neste momento", que constava nas edições de maio e julho do comunicado do Copom. Apesar de ser uma mudança, a primeira interpretação feita por analistas do mercado foi de que a taxa deverá permanecer no mesmo nível em que se encontra agora pelos próximos meses. A opção do BC pela estabilidade se dá em um quadro de recessão técnica, com dois trimestres seguidos de retração econômica, e inflação ainda em patamar elevado em 12 meses, no teto da meta perseguida pela autoridade monetária de 6,5%. O próximo encontro do Copom está marcado para 28 e 29 de outubro, logo após o segundo turno das eleições. O comunicado divulgado pelo colegiado após a decisão foi o seguinte: "Avaliando a evolução do cenário macroeconômico e as perspectivas para a inflação, o Copom decidiu, por unanimidade, manter a taxa Selic em 11% a.a., sem viés." Com a retirada da expressão, o BC deixa claro que o momento é de esperar para ver os próximos desdobramentos econômicos. A instituição se fia, por exemplo, em algum progresso na área de crédito que possa surgir com as medidas determinadas ao final de julho e também no início de agosto. O BC desmontou todo o arsenal macro prudencial construído em dezembro de 2010. Fez ajustes no recolhimento do compulsório, que é uma reserva que os bancos precisam deixar no BC, e até determinou para essas instituições, de maneira informal e por meio de ferramentas técnicas, uma meta de crescimento de 20% do crédito para automóveis em relação ao primeiro semestre de 2014. A reunião de ontem foi a quarta seguida em que o juro está no patamar de 11%. A última vez que isso ocorreu foi de outubro de 2012 a março de 2013, quando a Selic ficou estacionada em 7,25% ao ano. O economista da gestora de recursos Franklin Templeton, Carlos Thadeu de Freitas Filho, avaliou que a decisão do BC foi gerada pela preocupação com a atividade econômica. No entanto, ele pondera que o comunicado do Copom não permite desenhar um cenário claro para os próximos passos da política monetária. A ata do encontro, que será divulgada na próxima quinta-feira, pode dar indicações mais precisas. "O termo ’neste momento’ estava associado a novas altas. Como ele saiu, a interpretação inicial é de que os juros ficam parados por mais tempo ou de que o próximo ciclo é de corte", observou Freitas Filho. Leitura semelhante foi feita pelo economista-chefe do Banco Santander, Maurício Molan. "Acho que o BC quer sinalizar, como já vinha sinalizando por meio da ata, que a estratégia de manter a taxa de juros em 11% ao ano tem um caráter de mais longo prazo", reforçou o economista. Para ele, a Selic deve permanecer neste patamar de 11% ao ano até o início do ano que vem. "Com o novo presidente tomando posse, poderá haver uma mudança mais substancial na política monetária, com esforço mais acentuado com a meta de inflação", disse. 
Reações
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) avaliou que a manutenção da Selic em 11% ao ano prolongará as dificuldades da indústria brasileira e a retomada da atividade produtiva. Em nota, a entidade defende a redução gradual dos juros, "o que possibilitará o retorno dos investimentos, o aumento do consumo e a retomada do crescimento da indústria brasileira". O presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Rogério Amato, disse que esperava uma leve queda do juro básico e que a decisão mostra que a inflação ainda preocupa a equipe econômica. "A decisão do Copom de manter inalterada a Selic não surpreendeu, mas acreditamos que haveria espaço para uma redução moderada da taxa, considerando o baixo nível das atividades econômicas, que não apresentam perspectivas de melhora no curto prazo", afirmou Amato, em nota distribuída à imprensa. "O Banco Central, no entanto, parece mais preocupado com a inflação – que efetivamente continua elevada – do que com o crescimento da economia", analisou Amato. "As medidas macro prudenciais adotadas recentemente pelo BC, visando a estimular o crédito, ainda não surtiram efeitos, pelo que se espera que o Copom, em sua próxima reunião, reduza as taxas de juros para estimular a economia."






Fonte: JC

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