Apesar da projeção
do mercado financeiro de que o IPCA fechará o ano em 6,6%, 0,1 ponto percentual
acima do teto da meta, de 6,5%, governo não deve elevar a taxa básica de juros.
Na sua penúltima reunião do ano, que começa amanhã
e termina quarta-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central
não deve mexer na taxa básica de juros da economia. Pelo menos está é a
expectativa dos 27 especialistas ouvidos pelo Jornal do Commercio e pela agência
de notícias Bloomberg, que apostam na manutenção da Selic em 11% ao ano, patamar
atingido em abril deste ano. Inflação em alta e Produto Interno Bruto (PIB) em baixa
devem ter o maior peso na decisão do colegiado. Embora a projeção média do
mercado seja de que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA)
fechará o ano em 6,6%, 0,1 ponto percentual acima do teto da meta, de 6,5%, o
governo não deve elevar os juros básicos devido ao pífio crescimento econômico.
A última pesquisa de mercado Focus, divulgada pelo Banco Central na semana passada,
mostrou uma projeção de crescimento do PIB de 0,27% em 2014. Para o ano que vem
a perspectiva é de crescimento de 1%. O ciclo de altas da Selic foi iniciado
pelo Copom em abril de 2013, quando a mínima histórica da taxa, de 7,25% ao
ano, foi reajustada em 0,25 ponto percentual. Àquela altura, a inflação, puxada
principalmente pela alta nos preços dos alimentos – problemas climáticos reduziram
a produção, puxando os preços para cima – obrigou o governo a aumentar os juros
numa estratégia para frear a economia e conter a alta de preços. Após nove
aumentos da taxa e com o crescimento a níveis baixíssimos, o Copom decidiu que
era hora de parar: desde abril a Selic é mantida estável. Segundo o diretor de
gestão de recursos da Ativa, Arnaldo Curvello, dois fatores ainda empurram a
inflação para cima. "No curto prazo o preço da carne", diz o
especialista. As estiagens intensas e a demora para o início de período de
chuvas pressionam os preços dos alimentos. Além das carnes, os derivados de
cereais (desde pães até as cervejas) também são influenciados pela estiagem. "No
longo prazo, o principal fator é o aumento da energia", explica o
especialista.
Eletricidade
Nesse caso, o motivo também é climático: as
secas aumentaram o preço de produção da eletricidade, principal componente de
matriz energética nacional. Recentemente, o ministro da Fazenda, Guido Mantega,
admitiu reajuste maior da energia em 2015. “O custo no Brasil todo subiu por causa
do regime de chuvas, chuvas escassas. Este problema vai passar para o
consumidor um pouco do aumento da energia elétrica em 2015”, disse o ministro. A
estratégia do governo, neste caso, deve ser “compartilhar” o aumento com o
consumidor ao transferir R$ 4 bilhões para compensar parte do aumento do
reajuste, na Conta de Desenvolvimento Energético (CDE). “O reajuste irá
ocorrer, será um pouquinho maior, mas não será tão maior. Não vai incorporar
todo o aumento que seria devido porque o governo federal está, digamos,
compartilhando o aumento de custo com o consumidor”, disse Mantega. Depois de
anunciar a nova Selic nesta quarta-feira, o Copom se reunirá pela última vez em
2014 nos dias 2 e 3 de dezembro.
Fonte:
JC
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