Organização projeta
crescimento modesto para o País nos próximos anos devido à fraca demanda no
exterior.
A Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OCDE) manteve as principais previsões para o
crescimento da economia brasileira. De acordo com a atualização do cenário
econômico divulgado nesta terça-feira, 25, após ligeiro período de recessão o
Brasil volta a crescer e deverá terminar o ano com expansão do Produto Interno
Bruto (PIB) de 0,3%. A previsão é a mesma apresentada pela entidade na revisão
preliminar divulgada em setembro. Em maio, a entidade previa expansão de 1,8%. Para
a inflação, a organização prevê que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo
(IPCA) encerre o ano de 2014 em 6,5%, no teto da meta. A previsão anterior,
divulgada em maio, era de que o indicador fechasse o ano em 5,9%. A OCDE
projeta desaceleração gradual para a inflação no País até o patamar de 5,4% ao
final de 2015. Para os próximos anos, a economia deve acelerar, mas continuará
longe do forte ritmo visto no início da década. Para a OCDE, o Brasil deve
crescer 1,5% no primeiro ano do próximo mandato da presidente Dilma Rousseff.
Em 2016, ano da Olimpíada no Rio de Janeiro, o crescimento deve atingir 2%. O
cenário é idêntico ao exibido pela OCDE durante a reunião das 20 maiores
economias do mundo, o G-20. "Depois de o PIB cair no primeiro semestre de
2014, a atividade deverá se recuperar gradualmente. No entanto, o crescimento
continuará a ser modesto devido às políticas monetária e fiscal, à fraca
demanda externa, aos baixos níveis de investimento e aos gargalos de
infraestrutura", diz o relatório da OCDE. A economia brasileira encolheu
no primeiro e no segundo trimestre de 2014, o que configura recessão técnica. Na
atualização do relatório "OCDE Economic Outlook", a entidade que
reúne as economias mais ricas do planeta sugere que a "a eliminação dos
gargalos na oferta e a melhoria do clima de negócios têm potencial para
aumentar as perspectivas de crescimento de médio prazo de forma significativa e
ainda teria efeitos imediatos na confiança" no Brasil. "Um progresso
rápido em infraestrutura, a reforma do sistema tributário, redução dos gastos
administrativos da máquina pública e um maior engajamento no comércio
internacional seriam maneiras eficazes para aumentar a produtividade e a
competitividade", completa a OCDE.
Inflação.
Mesmo com a fraqueza da economia, a inflação
não dá folga no Brasil e o País deve terminar o ano com o IPCA exatamente no
teto da meta: 6,5%. Na estimativa anterior, divulgada em maio, a entidade
previa alta de 5,9% para o ano. "A inflação se mostrou persistente mesmo
diante da breve recessão. Tendo em vista essa situação e também para manter as
expectativas de inflação ancoradas será preciso uma política monetária apertada
no próximo ano, apesar da fraqueza do crescimento", destaca o documento
divulgado em Paris. Após terminar 2014 exatamente no teto da meta, a inflação
deve desacelerar ligeiramente para 5,4% em 2015. Em maio, a entidade previa
alta do IPCA ligeiramente maior, de 5,5%, no próximo ano. Para 2016, a OCDE
estima desaceleração dos preços para 5,1%.
Contas públicas.
O rombo das contas públicas crescerá mais que
o esperado e o déficit nominal do governo brasileiro somará o equivalente a
3,9% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2014. A estimativa anterior, divulgada
em maio, calculava que o déficit fiscal seria o equivalente a 3,4% do PIB. Para
2015, as contas públicas devem apresentar ligeira melhora e o déficit tende a
diminuir para o equivalente a 3,1% do PIB. A previsão é idêntica à anunciada em
maio. Para 2016, a entidade espera que haja nova melhora e o déficit nominal
diminua para 3% do PIB. A piora dos números em 2014 chamou atenção da OCDE
porque o Brasil voltou ao perigoso campo do déficit orçamentário que gera
aumento da dívida. "O superávit fiscal primário diminuiu a ponto que a
dívida pública bruta em relação ao PIB, agora em 60%, já começou a subir",
destaca o documento. Efetivamente, o Brasil não tem conseguido registrar sequer
superávit primário e, assim, o déficit nominal tem sido recorde nos últimos
meses. Diante da piora dos dados, a entidade sugere que o Brasil adote uma
política fiscal mais apertada para que os indicadores da dívida possam voltar a
melhorar. Uma das sugestões é cortar gastos públicos "cujo efeito sobre o
crescimento não é claro".
Fonte:
O Estadão
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