O saldo negativo
chegará perto dos 5% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2015.
Com sorte, e eliminando as manobras contábeis
que já viraram rotina no Tesouro Nacional, o governo terminará o ano com um
saldo próximo a zero nas contas públicas, estimam especialistas. Isso sem
considerar os gastos com juros. Incluindo-os na conta, o saldo negativo chegará
perto dos 5% do Produto Interno Bruto (PIB), um nível ruim como não se vê desde
2003. E há outra má notícia: a margem de manobra para mudar esse quadro em 2015
é muito pequena. Mesmo se baixasse um espírito de economista ortodoxo na
presidente Dilma Rousseff, o que parece cada dia menos provável, seria
impossível a ela fazer, no curto prazo, um ajuste forte nas contas públicas. Isso
porque, de cada R$ 10 arrecadados pelo governo, R$ 9 estão comprometidos com
gastos quase impossíveis de cortar, como salários, aposentadorias e juros da
dívida. E o R$ 1 restante, que em tese é a parte "cortável", são
investimentos - que a presidente não quer prejudicar, para não frear ainda mais
uma economia que já está fraca. Dessa forma, a aposta dos especialistas é que o
ajuste de 2015 será um mix de reduções modestas no gasto e, principalmente, de
aumento da carga tributária. A volta da Contribuição de Intervenção no Domínio
Econômico (Cide) nos combustíveis é dada como certa. Mas são esperadas outras
iniciativas, como a volta da Contribuição Provisória sobre a Movimentação
Financeira (CPMF). Não que haja torcida. Ela apenas figura entre as opções para
ajustar as contas. Mas sua "ressurreição" dependeria do Congresso, o
que não tem se mostrado tarefa fácil ao governo. Mesmo elevando impostos e
contendo gastos, os economistas acham que será difícil ao governo alcançar uma
economia para pagamento de juros (superávit primário) equivalente a 2% do PIB,
como consta do projeto de lei do Orçamento de 2015, em análise no Congresso.
Esse é o nível considerado o adequado para interromper a rota de crescimento da
dívida pública em proporção do PIB. As despesas crescem mais que as receitas
desde julho de 2012, segundo levantamento feito pelo economista Raul Velloso.
Esse descasamento se deveu sobretudo à arrecadação, que vinha crescendo a um
ritmo de 9% até 2011 mas agora está na casa de 1%. E, dado o nível das despesas
e seu engessamento, a única forma de reequilibrar as contas é a reativação da
economia. Para fechar o buraco, só com mais crescimento.
Fonte:
O Estadão
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