Tombini afirma que
custo de vida continuará pesando no bolso dos consumidores nos próximos meses e
Levy reforça cenário traçado pelo Banco Central de que IPCA só convergirá para
o centro da meta (fixado em 4,5%) no final de 2016
O último ano do primeiro mandato da
presidente Dilma Rousseff terminou com inflação beirando o limite máximo de tolerância
da meta de inflação. De janeiro a dezembro de 2014, o Índice Nacional de Preços
ao Consumidor Amplo (IPCA) cravou alta de 6,41%, o maior patamar para o custo
de vida desde 2011, quando ficou no teto da meta, de 6,5%. Por poucos décimos,
o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, não foi obrigado a enviar uma
carta ao ministro da Fazenda, Joaquim Levy, se justificando por não ter conseguido
manter os preços dentro da meta, de 4,5%, com tolerância de dois pontos para
baixo ou para cima. Não por outro motivo, horas após o Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE) divulgar o resultado da inflação oficial em 2014, na sexta-feira,
Tombini divulgou nota para comentar o resultado. No comunicado, o presidente do
BC lembra que a variação do ano passado posicionou-se “dentro do intervalo de
tolerância”, que vigora desde 21 de junho de 1999. Também atribuiu o resultado
elevado de 2014 à alta do dólar sobre o real e aos reajustes de preços
controlados pelo governo, como gasolina e tarifas de energia e transportes. “Em
grande medida, esse patamar de inflação reflete a ocorrência de dois
importantes processos de ajuste de preços relativos ora em curso na economia
brasileira, a saber: (1) o realinhamento dos preços domésticos em relação aos
preços internacionais e (2) o realinhamento dos preços administrados em relação
aos preços livres”, disse.
Ajuste
fiscal
Tombini disse que, nos próximos meses, o
custo de vida vai continuar incomodando o bolso do brasileiro, mas assegurou que
a autoridade monetária fará o que estiver ao seu alcance para derrubar os
preços e garantir o poder de compra da população. “Embora a inflação tenda a
mostrar resistência no curto prazo, o Banco Central reafirma que irá fazer o
que for necessário para que este ano a inflação entre em longo período de
declínio, que a levará à meta de 4,5% em 2016.” O ministro Joaquim Levy prevê um
início de 2015 com o IPCA mais alto por causa dos reajustes de preços em
setores como educação e transportes. Em bate-papo com internautas, Levy disse
que o governo pode ajudar a trazer a inflação para níveis mais confortáveis se
reduzir os gastos públicos e reforçou o cenário traçado pelo Banco Central de
que inflação fechará 2015 abaixo do teto, mas só convergirá para o centro da
meta (fixado em 4,5%) no fim de 2016. "Para a gente segurar a inflação é
preciso que o governo não gaste demais. Se a gente fizer isso agora, vamos
poder ter a inflação caindo no ano que vem", disse o ministro aos
internautas no Facebook. Apesar do tom informal, Levy reforçou o discurso de
ajuste fiscal e redução de subsídios do governo ao afirmar que é preciso gastar
menos que arrecada e que empréstimo barato, subsidiado pelo governo, só em
situações especiais. "Empréstimo barato também é pago pelo
contribuinte", disse. "Tudo que o governo dá, é pago pelo
contribuinte. Então, a gente tem que ter muito cuidado em como usa o dinheiro,
para garantir que as pessoas certas, às quais a lei dá o direito, sejam as que
receberão os benefícios que precisam". Entre as medidas de ajuste já
anunciadas, o governo elevou as taxas de juros das linhas de financiamento do Banco
Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) que contam com subsídio
do Tesouro Nacional.
Impostos
Levy também deu sinais de que haverá elevação
de tributos em um segundo momento do ajuste fiscal. "A gente provavelmente
terá que pensar em rebalancear alguns impostos, até porque alguns foram
reduzidos há algum tempo. E essa receita está fazendo falta. Mas, se houver
alguma mudança, vai ser com cuidado e depois de a gente esgotar outras
possibilidades". E disse que o governo está tentando acertar as coisas antes
de entrar numa crise. "Estamos podendo consertar o telhado em dia de
sol." O ministro da Fazenda admitiu que se o governo tiver que "ficar
aumentando imposto" para conter o endividamento público "vai ser mais
difícil a economia melhorar". Por isso, destacou a importância de o
governo gastar menos do que arrecada. Ele evitou responder quais impostos podem
ser elevados e não respondeu perguntas sobre a volta da Contribuição Provisória
sobre Movimentação Financeira (CPMF). Levy também não garantiu a correção real
dos benefícios previdenciários, mas apenas com base na inflação. E defendeu as
alterações nas regras do seguro-desemprego, abono salarial e pensões,
anunciadas pelo governo como o primeiro ajuste nas contas públicas e que levará
a uma economia de R$ 18 bilhões. Ele também citou o corte promovido no
Orçamento deste ano. (Com agências)
Fonte:
JC
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