A decisão do governo de acabar com subsídio
do Tesouro Nacional para energia elétrica pode elevar a inflação ao consumidor,
medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), para 7% em
2015, meio ponto percentual acima do teto da meta, segundo a LCA Consultores.
"A nossa projeção é conservadora", afirma o economista da consultoria,
Fabio Romão. Como esse custo adicional depende de as distribuidoras reivindicarem
o reajuste e de a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), por sua vez,
autorizá-lo, o economista considerou nos cálculos da projeção de inflação um
repasse para a tarifa de energia que não será mais coberto pelo governo de R$
4,5 bilhões. É a metade do aporte de R$ 9 bilhões inicialmente previsto para o
fundo setorial Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), que foi suspenso. A
projeção do IPCA deste ano foi revisada ontem por causa do fim do subsídio. O
reajuste de energia elétrica inicialmente projetado para este ano era de 26,7%
para uma IPCA de 6,8%. Agora, a conta de luz a deve subir 31,2% em 2015 e a
inflação pode atingir 7%. Nessa projeção do IPCA estão incluídos a volta da Contribuição
de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre a gasolina e o reajuste de ônibus
urbano. A Tendências é outra consultoria que aumentou ontem a projeção de
inflação para 2015, de 6,4% para 6,8%, por causa do reajuste da energia. Segundo
a economista da consultoria Adriana Molinari, inicialmente a previsão era de um
reajuste da energia elétrica para este ano de 18,5%. "Agora com as
bandeiras tarifárias e o aumento da energia de Itaipu de 46%, a alta prevista
para este ano deve ser 24,4%", diz Adriana. Nesse cálculo, a economista não
considerou diretamente o fim do subsídio do governo à conta de luz. Reajuste das
tarifas de ônibus da ordem 12% (antes de 8,8%) e o aumento do preço do cigarro
de 8,5% influenciaram a revisão para cima da projeção do IPCA para este ano.
Mas o fator preponderante na mudança foi o aumento da energia elétrica. Da
inflação de 6,8% esperada para este ano, 0,72 ponto percentual virá do aumento
da tarifa de energia elétrica, explica Adriana. Se forem acrescentados nessa
conta o reajuste da passagem de ônibus urbano e a alta da gasolina por conta da
volta da Cide, esses reajustes responderão por 1,5 ponto percentual do IPCA de
2015. "O reajuste da energia elétrica deve ser o grande vilão da inflação este
ano", prevê o economista da Rosenberg Consultores Associados, Leonardo
França Costa. Ele projeta que a inflação deste ano fique em 6,5% e que a energia
elétrica responda por 0,8 ponto percentual, considerando um reajuste anual de 26,5%
da eletricidade. Ele ressalta que a energia elétrica responde por 2,95% do IPCA
e é o sétimo maior item em peso, superando até mesmo as carnes, que têm
importância fundamental no custo de vida do brasileiro, com 2,78% de
participação.
Fonte:
JC
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