Especialistas veem
potencial para mais investimentos, exportações e menor efeito do câmbio sobre a
inflação.
Enquanto os Estados Unidos devem começar a
elevar os juros em meados deste ano, a Europa segue a cartilha de afrouxamento
monetário e tenta relançar as economias estagnadas do bloco. O timing favorece
o Brasil. Mesmo que o programa europeu seja de menor porte e de mais curta
duração que o americano, a injeção de mais de € 1 trilhão na economia europeia
deve compensar em parte as perdas com o encerramento dos estímulos nos Estados
Unidos. Com juros mais altos — a Taxa Selic acaba de ser elevada para 12,25% ao
ano —, o Brasil volta a se tornar atraente para capitais de curto prazo e, com
isso, terá uma ajuda do câmbio para tentar conter a inflação. — Será uma ajuda
em termos de fluxo de capitais e de exportações, além de minimizar os riscos de
uma desvalorização excessiva do câmbio, com reflexos benéficos sobre a inflação
e as expectativas — afirma Carlos Langoni, economista da FGV e ex-presidente do
Banco Central (BC). O economista Luiz Carlos Prado, professor da UFRJ, também
vê efeitos positivos:— Para nós é uma boa notícia porque significa mais
recursos disponíveis na Europa. O cenário de maior pressão sobre o câmbio que
estava previsto vai ser compensado pelo programa europeu.
ATRAÇÃO
DE INVESTIMENTOS
Quando o pacote europeu tomar força, no
segundo semestre de 2015, a economia brasileira já terá realizado grande parte
dos ajustes, o que favorecerá a atração de investimentos. — O Brasil, com seus
juros altos, será favorecido pelo chamado carry trade (quando investidores
tomam emprestado dinheiro a juros baixos e aplicam em países com juros altos) —
diz Patrick Behr, da FGV/Ebape. Langoni frisa, porém, que o programa europeu
não altera o cenário de preços mais baixos para as commodities. (Colaborou
Rennan Setti)
Fonte:
O Globo
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