Moeda
norte-americana dispara frente ao real com a possibilidade de aumento dos juros
nos EUA e a incerteza política no Brasil. Divisa apresentou a maior
rentabilidade em março (11,73%), seguida pelo ouro (10,43%). No trimestre, os
ativos trocaram de posição.
A expectativa de aumento de juros nos Estados
Unidos, que tem levado o dólar a ganhar força em todo mundo, e a incerteza política
no Brasil, que ameaça o ajuste fiscal conduzido pelo ministro da Fazenda, Joaquim
Levy, fez a divisa norte-americana disparar frente ao real e liderar o ranking
das aplicações em março. A rentabilidade dessa categoria de investimentos ficou
em 11,73% no mês, superando o ouro, que proporcionou ganho de 10,43%, e
deixando para trás as aplicações em renda fixa, que, nos últimos meses, vinham
se beneficiado da alta dos juros no País. No primeiro trimestre, há uma
inversão: o metal precioso liderou com rentabilidade de 21,11%, enquanto a
divisa norte-americana ofereceu ganho de 20,01%, o maior ante o real para o 1º
trimestre desde 1999. O euro aparece em terceiro no ranking da rentabilidade em
março (7,32%) e no trimestre (6,13%). Tanto no mês quanto no acumulado de 2015,
essas aplicações ofereceram ganho real aos investidores, considerando a
inflação de 0,98% em março e de 2,03% trimestre, medida pelo Índice Geral de
Preços do Mercado (IGP-M). "O dólar se valorizou frente às principais
moedas, sobretudo pela discussão de quando os Estados Unidos vão subir os
juros", diz Fabio Colombo, administrador de investimentos. "O outro
lado é a questão interna: o nosso cenário econômico ruim, a indicação do
ministro Levy de que não renovaria o estoque de swaps cambiais, além das
turbulências do cenário político", diz. Apesar da valorização, o investimento
em dólar para quem não possui dívida em moeda estrangeira ou tem uma viagem
marcada é desaconselhado pelos especialistas, pela alta oscilação e grau de
risco.
Ações
na lanterna
Em março, as ações ficaram na lanterna dos
investimentos, com o principal indicador da bolsa brasileira – o Ibovespa –
apresentando rentabilidade negativa de 0,84%. No acumulado do ano, o Ibovespa tem
valorização de 2,29%. Para efeito de comparação, a bolsa do México acumulou
queda de 1,05% em março e subiu 1,34% no trimestre, enquanto o índice MSCI para
mercados emergentes caiu 1,5% e subiu 2%, respectivamente. "O cenário ruim
interno está espantando os investimentos. Isso é visto na queda dos índices de
confiança do consumidor e do empresariado", diz Michael Viriato,
coordenador do laboratório de finanças do Insper. Para Colombo, a baixa na bolsa
oferece boas oportunidades. "Para quem tem visão de longo prazo e não vai
precisar do dinheiro tão cedo, o momento ainda é adequado", diz. Na renda
fixa, cujas aplicações vinham se destacando por causa dos sucessivos aumentos na
taxa básica de Juros (Selic), atualmente em12,75% ao ano, a tradicional caderneta
de poupança apresentou rentabilidades de 0,6302% em março e de 1,76% no
trimestre, ambas abaixo do IGP-M. Os Certificados de Depósito Bancário (CDBs)
registraram ganhos de 1,05% no mês e de 3,16% no trimestre.
Inflação
"A renda fixa vem subindo em função das
taxas nominais – março teve mais dias úteis, por exemplo –, mas a inflação alta
do jeito que está corrói todo o ganho", diz Colombo. O mercado espera um
Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 1,4% em março, segundo
a última pesquisa Focus, feita pelo Banco Central com mais de 100 instituições financeiras
e empresas de consultoria. Para Viriato, o atual cenário de incertezas indica
que não é hora de arriscar. "Para o pequeno investidor, não é momento de
apostar. Vale a pena esperar mais um pouco, investindo em títulos prefixados ou
referenciados à inflação para se proteger", afirma. (Com agências)
Fonte:
JC
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