INTRODUÇÃO
Em que pese cada consumidor utilizar
critérios de ordem objetiva ou subjetiva por ocasião da compra, os adquirentes
de veículos deveriam considerar diversos fatores ligados aos custos totais de
propriedade desse tipo de bem. Isso é pertinente tendo em vista que o gasto com
a propriedade de um automóvel não se limita somente aos fatores claramente
identificáveis no cotidiano (como os gastos com combustível, lubrificantes,
tributos e seguros). Determinados custos podem ser relevantes do ponto de vista
financeiro (como é o caso do conceito de custo de oportunidade) e serem
completamente ignorados pelos compradores. Surge, então, a pergunta que esta pesquisa
pretendeu responder: quais tipos de gastos devem ser considerados para apurar o
custo total de propriedade de um veículo automotor popular (1.0), no âmbito de
pessoas físicas? No intuito de encontrar uma resposta para a questão de
pesquisa formulada foi estabelecido como objetivo principal a mensuração e
análise comparativa do custo total de propriedade de automóveis do ponto de
vista do consumidor final.
MÉTODOS
No que tange aos aspectos metodológicos desta
pesquisa, em relação à tipologia quanto aos objetivos, esta pode ser classificada
como descritiva. Pelo aspecto dos procedimentos adotados, a pesquisa
caracteriza-se como um estudo de caso, pois se concentra em determinados
veículos (GOL 1.000 e UNO MILLE) e suas conclusões limitam-se ao contexto
desses objetos de estudo. No âmbito da forma de abordagem do problema a
pesquisa pode ser classificada como “qualitativa”, visto que tenta descrever a
complexidade de determinado problema, analisar a interação de certas variáveis,
compreender e classificar processos dinâmicos.
RESULTADOS
E DISCUSSÃO
A partir do fluxo de caixa mensal projetado
pela metodologia proposta nesta pesquisa foram obtidos os resultados em termos
de custo total de propriedade dos dois veículos pesquisados (Fiat-Uno Mille e
VW-Gol 1.000). Nesse sentido, a aplicação da metodologia de mensuração proposta
apontou que o veículo da montadora Fiat possui um custo total de propriedade
menor em relação ao automóvel produzido pela Volkswagen,
A princípio, o comprador leigo compararia
prioritariamente o valor do custo de aquisição à vista dos dois veículos. Nesse
parâmetro, o Gol custaria R$ 3.110,00 (ou 12,39%) a mais que o Uno Mille.
Porém, considerando os mesmos critérios para os dois veículos, a ferramenta
sugerida apontou que o Uno Mille proporcionaria ao proprietário uma economia
equivalente a R$ 0,05819 (R$ 0,67454 – R$ 0,61635) a cada quilômetro percorrido
durante o tempo de permanência estimado com esse carro no confronto com o Gol. Em
termos mensais, a diferença representaria R$ 58,19 a favor do veículo da Fiat,
enquanto que o custo total de propriedade lhe seria favorável em R$ 3.491,29
(R$ 40.472,47 – R$ 36.981,18) ao longo da vida útil projetada para os dois
veículos (60 meses). Mesmo que o valor de “revenda” após cinco anos seja maior
para o Gol (R$ 13.038,78 – R$ 11.309,44), os dados comparativos da tabela 13
deixam claro que o custo total de propriedade, considerando o valor do dinheiro
no tempo, seria 8,63% menor no Uno Mille em comparação com o automóvel
concorrente a cada quilômetro percorrido. Esse percentual é inferior àquele
apurado exclusivamente no fator custo de compra (12,39%).
CONCLUSÕES
Como visto, a metodologia proposta permitiu
mensurar o custo total para o consumidor (CTC/TCO) que pretende adquirir
determinado veículo e facultou também a realização de comparações entre opções
distintas de compra, como descrito na tabela 1. Ao considerar um conjunto
abrangente de gastos, projetar os fluxos de caixa futuros em termos de
desembolsos (gastos previstos) e ingressos de caixa (no caso em tela, pelo
valor de revenda do automóvel), além de considerar o efeito do valor do
dinheiro no tempo, entende-se que foi atingido o objetivo do estudo, bem como
foi respondida adequadamente a pergunta de pesquisa. Nessa direção, restou
comprovado que o custo total de propriedade do veículo Uno Mille seria 8,626%
menor que o Gol a cada quilômetro rodado mensalmente, mesmo que o custo de
aquisição desses automóveis divergisse em 12,39%. Em razão disso, mesmo que
consideradas as restrições mencionadas na seção anterior, concluiu-se que as
informações oriundas podem contribuir para facilitar a decisão de aplicar
recursos neste ou naquele automóvel, utilizando-se da metodologia sugerida para
fundamentar a decisão ou utilizá-la somente como uma informação adicional.
Fonte: R.Wernke
REFERÊNCIAS
ANDERSON, J. C.; WOUTERS, M.; WYNSTRA, F. The
adoption of total cost of ownership for sourcing decisions: a structural
equations analysis. Accounting, Organization and Society, v.30, 2005,
p.167-191.
BIERMA, T. J.; WATERSTRAAT, F. L. Total cost
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Research Center, Apr. 2004, Apr. 2004. Disponível em:
http://www.istc.illinois.edu/main_sections/info_services/library_docs/RR/RR-105.pdf>.
Acesso em: 08 de março de 2013.
ELLRAM, L. M.; SIFERD, S. P. Total cost of
ownership: a key concept in strategic cost management decisions. Journal of
Business Logistics. v.19, n.1, ABI/INFORM Global, 1998.
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