A Pesquisa Industrial Mensal divulgada na
quarta-feira (01) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
indicando recuo de 0,9% da produção em fevereiro, em relação a janeiro,
afigura-se tanto mais desfavorável, do ponto de vista econômico, se
considerarmos, como foi registrado, que em relação a fevereiro do ano passado a
queda foi de 9,1%, o que representa o pior resultado desde julho de 2009,
período da crise financeira internacional. Acrescenta-se, a esses percentuais,
que dos 26 ramos pesquisados, 24 tiveram retração, havendo ainda redução de
70,2% dos 805 itens pesquisados. Ademais, o crescimento do mês anterior foi
revisado de 2% para apenas 0,3%, aumentando assim, segundo alertam analistas,
as chances de que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, no primeiro
trimestre do ano, tenha ficado negativo. Se por um lado profissionais como o
economista-chefe da Icatu Vanguarda, Rodrigo Alves de Melo, apontam "serem
muitos fatores jogando contra (a recuperação) nos próximos meses", por
outro Julio Gomes de Almeida, professor do Departamento de Economia da Unicamp
e ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, observa: "O
que impressiona é comportamento de bens de capital e bens duráveis, dois setores
que dependem muito do crédito e das expectativas. O crédito está ruim, e as
expectativas de consumidores e empresários também estão muito negativas".
A seu ver, aliás, "o declínio na produção industrial deve ser ainda maior
este ano do que foi em 2014 (-3,2%)". Outro dado a considerar, no conjunto
dos que emanaram da referida pesquisa, é que a indústria de veículos automotores
liderou os impactos negativos entre as atividades pesquisadas em fevereiro, com
um recuo de 30,4%, reduzindo ainda a fabricação de 97% dos produtos investigados.
Por sua vez, o gerente da Coordenação de Indústria do IBGE, André Macedo,
embora admitindo que a queda da indústria em fevereiro pode ter sido
potencializada pela greve de caminhoneiros e pelo carnaval", ressaltou contudo
haver uma clara "trajetória descendente da produção industrial". Ele
lembra também que "a sequência de resultados negativos já vem desde março do
ano passado" e, em consequência de meses de perdas, a indústria nacional já
opera 10% abaixo do pico de produção registrado em junho de 2013. Na avaliação
de Rafael Bacciotti, analista da Tendências Consultoria Integrada, "o
cenário de baixa confiança, de demanda bastante fraca e o consequente processo
de elevação de estoques devem continuar limitando a capacidade de reação da
atividade industrial". O presidente da Federação das Indústrias do Estado
de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, afirmando que "a queda na atividade
industrial certamente vai afetar o emprego", admite que "o desemprego
está aí e não é uma coisa para o futuro, lamentavelmente", embora se exima
de citar números e fazer maiores projeções, "porque a maior torcida que a
gente faz é para que isso não aconteça". Esta a conjuntura da atividade
industrial tal como atual e potencialmente se apresenta, em um contexto que se
há de desejar, certamente, venha a ser superado, ensejando a recuperação e
perspectivas diversas das que ora se delineiam.
Fonte:
JC
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