O quadro da economia está surpreendente. A
piora não cessa. Só nesta sexta-feira (19, mas com cara de 13), três dados
estruturais do que está se passando no país revelaram um cenário muito mais
negativo do que economistas e até o governo estão prevendo. - A prévia do PIB
calculada pelo Banco Central, o IBC-Br, teve queda de 0,84% – o mercado
esperava algo mais perto de 0,50% de retração. - O IPCA-15 de junho, anunciado
pelo IBGE, ficou em alta de 0,99% – a previsão girava em torno de 0,7%. - A
criação de vagas formais de trabalho, monitorada pelo Ministério do Trabalho
através do Caged, apresentou perda de 115 mil postos em maio – a expectativa
era de 57 mil vagas fechadas. A perplexidade com os resultados leva ao
questionamento legitimo: E agora? Como e quando o Brasil vai deixar para trás o
momento mais difícil da crise que se abate sobre o país? Por tudo que se viu
até agora, a virada está fora do alcance da vista. O foco agora deve estar no
ponto de estancamento da deterioração, que também não está perto. A correção no
mercado de trabalho é o sinal mais evidente disto. Enquanto o desemprego
estiver em rota de piora – como é o caso – os reflexos da perda de renda,
aumento da inadimplência, tombo no consumo, vão se acumulando com o tempo. A
única condutora para a saída desde labirinto é a confiança. A confiança de que
há uma fenda que leva ao fim da travessia. O fato é que esta também continua
caindo no mesmo ritmo em que os indicadores vão se agravando. O consumidor
refaz as contas e se pergunta como é que pode os preços ainda subirem tanto? A
explicação está em onde tudo começou. A ‘nova matriz econômica’ aspirada pelo
ex-ministro da Fazenda Guido Mantega e sua equipe gerou consequências mais
graves do que um desbalanço nas contas públicas ou na conta de luz, represada
forçadamente pelo governo entre 2013 e 2014. O experimento arriscado e
equivocado de Mantega conseguiu chegar mais fundo nas estruturas da economia,
provocando uma ineficiência tal que os instrumentos de política econômica
perderam força e correlação com a realidade. Tanto isso é verdade que o BC
passou mais de ano subindo os juros e a inflação só subiu. Ele está de novo
nesta toada e a inflação continua subindo a ladeira. Mesmo olhando para um
caminho pedregoso, empresas, comércio e serviços não conseguem evitar o repasse
de seu aumento de custos. A batata veio tão quente que não para em colo algum –
a não ser dos consumidores. E assim vão ser os próximos meses. As previsões
para o crescimento, desemprego e inflação ainda serão revistas – para pior.
Essa mudança vai afetar as expectativas e o ciclo de pessimismo se realimenta. Com
um olhar adiantado do significado dos acontecimentos, arrisco dizer que a
profundidade das investigações da Lava Jato será o fato mais marcante desta
época, modificando a forma de ser se fazer negócios no país, de se relacionar
com o dinheiro público, fortalecendo o papel das instituições. Mesmo que isso
se some agora à barafunda geral, testando a paciência dos investidores com o
Brasil.
Fonte:
G1
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