Além da piora para
este ano, recuperação em 2016 perde força, aponta o Relatório Focus; Projeção
para a inflação sobe para 9,32%.
Pela
primeira vez no Relatório de Mercado Focus, analistas do setor privado estimam
queda da atividade também em 2016. Além disso, os analistas mais pessimistas
também renovaram suas apostas para baixo no caso da inflação e dólar. A
estimativa mais negativa agora mostra uma inflação na casa de dois dígitos em
2015 e o dólar em R$ 4, também pela primeira vez no relatório. De acordo com o
documento divulgado pelo Banco Central, a mediana das previsões para o Produto
Interno Bruto (PIB) do ano que vem passou de para um recuo de 0,15%. Há quatro
semanas, a taxa vista era de alta de 0,33% para esse indicador. Para este ano,
a deterioração das previsões do mercado financeiro para a atividade no País
também está cada vez mais forte. De acordo com o boletim Focus, as projeções
para o PIB de 2015 foram revisadas de uma queda de 1,97% para uma baixa de
2,01% agora. Há um mês, a previsão estava negativa em 1,70%. O BC, apesar de
também ter revisado para pior sua projeção para este ano, de queda de 0,6% para
retração de 1,1%, segue mais otimista que o mercado. No Relatório Trimestral de
Inflação de junho, a instituição informou que a mudança ocorreu em função de
piora nas perspectivas para a indústria, cuja expectativa de PIB recuou de
2,3% para 3%. No boletim Focus, a projeção para a produção industrial passou
por uma melhora: voltou para uma baixa de 5%, onde estava quatro semanas antes.
Já para 2016, a mediana das estimativas segue em alta, mas perdeu a força mais
uma vez, passando de 1,15% para 1%.
Inflação.
O
esforço em levar as projeções de inflação do mercado financeiro a convergirem
para a meta de 2016 deu outro passo atrás no Relatório de Mercado Focus. Na
semana passada, a mediana das projeções para o IPCA do ano que vem já havia
subido de 5,40% para 5,43%. Agora, a mediana das previsões, de acordo com o
documento, sofreu um novo ajuste e está em 5,44%. O BC promete levar a inflação
para a meta de 4,5% no fim do ano que vem, mas recentemente, a autarquia vem
chamando a atenção para "novos riscos" que surgiram para o
comportamento dos preços. Pelos cálculos da instituição revelados no Relatório
Trimestral de Inflação de junho, o IPCA ficará em 4,8% em 2016 no cenário de
referência e em 5,1% no de mercado. No caso da inflação de 2015, houve
estabilidade nas estimativas após 17 rodadas seguidas de elevação no boletim
Focus. A previsão para o IPCA deste ano seguiu em 9,32%. Pela primeira vez, a
projeção para o IPCA deste ano bate a marca de dois dígitos entre os analistas mais
pessimistas. A estimativa máxima para este indicador em 2015 saltou de 9,84% na
semana passada para 10,02% agora No RTI de junho, o Banco Central havia
apresentado estimativa para inflação de 9% no cenário de referência e de 9,1%
usando os parâmetros de mercado. Na última ata do Copom, porém, o BC informou
que suas projeções para 2015 também subiram mais. Para a inflação de curto
prazo, não houve mudanças. A projeção para o IPCA de agosto permaneceu em 0,30%
no período. No caso de setembro, a taxa esperada é de 0,40%, a mesma do
levantamento anterior. Parte da elevada inflação é explicada pelas previsões do
mercado para os preços administrados ou monitorados pelo governo como gasolina,
energia e água , que continuam a ter uma escalada. As projeções para 2015 no
Relatório Focus revelam que a mediana passou de 15,14% da semana passada para
15,20% agora. Para 2016, a expectativa no boletim Focus apresentada hoje
apresentou um aumento de 5,90% para 5,92%. Quatro semanas atrás essa projeção
era de 5,96%.
Dólar.
Os
analistas mais pessimistas do setor privado também aumentaram sua expectativa
para a taxa de câmbio ao final deste ano, que, pela primeira vez, encostou em
R$ 4. Até a semana passada, a projeção mais salgada para o dólar estava em R$
3,90. Na pesquisa geral, as estimativas para o indicador também se
deterioraram, mas com menor força: esta semana, a mediana das projeções passou
de R$ 3,40 para R$ 3,48, no caso de 2015, e de R$ 3,50 para R$ 3,60, para 2016.
Para este mesmo grupo de profissionais mais pessimistas, o dólar permanecerá
acima de R$ 4 nos próximos anos. Para 2016 e 2017, a maior projeção encontrada
na série de expectativas de mercado, está em R$ 4,10. Para 2018, a estimativa
mais alta do grupo aponta para um câmbio de R$ 4,20 e, para o ano seguinte, de
R$ 4,76. Recentemente, o diretor de Política Monetária, Aldo Mendes, veio a
público se pronunciar sobre o comportamento da taxa de câmbio, avaliando que a
cotação do dólar estava muito acima do que apontavam os fundamentos
brasileiros. Em seguida, o BC decidiu fazer uma intervenção maior no mercado,
com a volta da rolagem integral dos contratos de swap cambial.
Fonte:
JESP
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