Levantamento da
Economatica mostra que pelo menos 30 ações acumulam em 2015 perdas a partir de
31%.
As incertezas na economia e na política que
vêm derrubando a Bolsa têm levado à perda acelerada de valor das ações de todos
os setores desde o início do ano. Levantamento da Economatica mostra que até a
última sexta-feira, dia 25, pelo menos 30 ações acumulavam perdas no ano que
variavam de 77,11%, caso das units da Viavarejo, a 31,75%, como os papéis ON da
Cosan. Embora existam ações realmente muito depreciadas em relação ao potencial
de ganho efetivo da empresa emissora, o que caracterizariam pechinchas na
praça, os analistas alertam que se deve tomar cuidado ao analisar os cenários
de cada setor. — Não dá um único indicador, como quanto o papel caiu no ano,
por exemplo. A avaliação tem que ser mais ampla — diz Einar Rivero, da
Economatica, responsável pela elaboração da lista das maiores quedas neste ano.
Os papeis PN do Pão de Açúcar, por exemplo, recuaram 49,14% de janeiro até a
última sexta-feira, e o valor da empresa correspondia a 4,3 vezes sua
capacidade de geração de caixa anual. Uma série de fatores pesaram para isso,
como a ida de seu ex-controlador (Abilio Diniz) para o Carreforur e a queda nas
vendas no varejo. — No entanto, considerando o tamanho, o histórico, maturidade
e presença nacional, além do fato de que a maior parte de suas vendas ser de
produtos de alimentação, resilientes à crise, considero baratos e interessantes
para a compra esses papeis — diz Lenon Borges, analista da Ativa Corretora. Ricardo
Kim, analista-chefe da XP Investimentos nota que as empresas têm pouco a fazer
para escapar de "quedas estruturais", como a que atinge o mercado de
capitais brasileiro. Com o aumento da aversão a risco, os investidores deixam
posições e até ações de setores como o bancário, que vem mostrando resultados
robustos, sofrem.Os papeis PN do Bradesco, por exemplo, caiam 24% na
sexta-feira, enquanto que os do Itaú perdiam 14%. — Os bancos chamam a atenção,
estão baratos em relação ao valuation, mas isso reflete a conjuntura de
mercado. Eles ainda têm um patamar interessante de resultados, mas perdem valor
pela conjuntura, e estão baratos. Borges, da Ativa, lembra que o rebaixamento
dos ratings do setor pela Standard&Poors, juntamente com o rebaixamento do
país, deve pesar nos custos das instituições. E as perspectivas para o crédito
são ruins, com a alta da inadimplência. — Por isso, não acho que estejam
baratos — diz. Também os papeis de siderúrgicas tradicionais, como a Gerdau e a
Usiminas, acumulam quedas de 34,71% e 32,10% no ano, e poderiam parecer
interessantes a quem estivesse procurando boas oportunidades de compra nesse
momento. Mas, diferente dos bancos, o analista-chefe da XP discorda, e adverte:
— Essas empresas tiveram os papeis depreciados porque há uma sobre oferta de
aço no mundo e também por problemas de governança (a briga entre os sócios
controladores na Usiminas, e decisões na Gerdau de comprar controladas que são
questionadas). As ações caíram muito, mas as condições de seus principais
mercados (a indústria automobilística, no caso da Usiminas, e construção civil,
o mercado dos aços longos da Gerdau) estão muito ruins e comprometem a
capacidade delas se recuperarem e gerar mais riqueza. Por isso, não estão tão
baratas — diz Kim. Apesar do cenário desfavorável à recuperação da demanda por
aço, tanto no mercado doméstico como no internacional, o analista-chefe nota
que papeis como os da Usiminas estão muito valorizados, quando se compara seu
valor de mercado (entreprise value) com a os resultados operacionais (Ebtida). —
Mesmo com a forte queda das ações, siderúrgicas como a Usiminas não estão
baratas em termos de valuation: seu valor de mercado é 42,4 vezes maior que a
geração de caixa em 12 meses — diz. O mesmo raciocínio ele usa para a Vale,
cujos papeis têm queda de 24% no ano, mas como não há perspectiva de
recuperação do minério de ferro, terá de continuar vendendo ativos.
Fonte:
O Globo
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