Governo prevê para 2017 quarto déficit primário seguido

Meta prevista é de superávit de 0,1% do Produto Interno Bruto para o setor público, mas como há a possibilidade de abater R$ 65 bilhões em frustrações de receitas e investimento, o rombo no ano que vem poderá chegar a 0,86% do PIB. 


Enquanto o Congresso Nacional debatia o impeachment da presidente Dilma Rousseff, o governo enviou ao Legislativo, nesta sexta-feira, projeto Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) que prevê o quarto déficit primário consecutivo em 2017. A meta oficial prevista para o próximo ano é de um superávit primário equivalente a 0,1% do Produto Interno Bruto (PIB) para o setor público, mas há a possibilidade de abater R$ 65 bilhões em frustra- ções de receitas e investimento. Com isso, o rombo poderá chegar a 0,86% do PIB no ano que vem – foi a primeira vez que o governo prevê, já no projeto de LDO, a possibilidade de déficit primário. Nos últimos anos, a lei foi sendo alterada ao longo do ano para acomodar os resultados negativos apresentados pela União. Apesar do déficit previsto, o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, argumentou que a meta de superávit zero do ano que vem é “equilibrada” e que a perspectiva do governo é de aumentá-la gradualmente nos próximos anos. Segundo Barbosa, o abatimento só será utilizado se persistir o quadro de restrição fiscal, cenário com o qual o governo não trabalha, e será feito para preservar gastos essenciais. “Com base nas frustrações frequentes de receita, achamos equilibrado e responsável que, caso a receita venha muito abaixo da previsão, se possa ter reduzida a meta”, afirmou. Barbosa frisou que não haverá aumento de carga tributária além da recriação da CPMF, ainda não aprovada pelo Congresso, e que as despesas continuarão a ser cortadas para garantir a queda na dívida pública. Ele defendeu a reforma fiscal enviada pelo governo ao Congresso Nacional, que cria um teto para o crescimento dos gastos públicos. “Temos que evoluir do ajuste de curto prazo para a reforma fiscal de longo prazo. Esse é o nosso compromisso”, afirmou. “Dando tempo para a democracia, a democracia resolve.” O resultado de 2017 poderá ser ainda pior quando for concluída a renegociação das dívidas estaduais. Isso porque a projeção é que o governo central ( Tesouro, INSS e Banco Central) tenha déficit de 0,96% do PIB com as deduções, enquanto os regionais façam um superávit de 0,1%, número que não considera o alongamento da dívida, em discussão com a União. Somente em 2017, o impacto do projeto que adia o prazo para o pagamento em 20 anos terá impacto de R$ 9 bilhões. Para 2018, o objetivo é de um superávit fiscal de 0,8% do PIB e, para 2019, 1,4% do PIB. Com a possibilidade de abatimento da meta, os resultados elevariam a dívida líquida do setor público de 40,5% do PIB em 2016 para 43,9% em 2017. A dívida bruta chegaria no ano seguinte a 75,4% do PIB, caindo gradualmente nos próximos anos.


Números

 O cenário montado pelo governo no projeto, porém, prevê números melhores do que o do mercado para a economia. A previsão é de que o PIB cres- ça 1% no próximo ano – o mercado estima alta de 0,3%. O governo espera que a inflação fique no teto da meta no ano que vem, saindo de 7,4% em 2016 para 6% em 2017. O texto enviado ao Congresso prevê ainda a proibição da contratação de novos servidores e a vedação de ajustes em alguns benefícios pagos ao funcionalismo. As restrição ao pagamento de diárias e passagens aéreas estão mantidas para o próximo ano. O ministro do Planejamento, Valdir Simão, ressaltou o dispositivo na LDO que estabelece padrões mais rígidos para o pagamento de auxílio moradia para os servidores pú- blicos. Segundo ele, o pagamento desse benefício está previsto em lei, “mas é importante disciplinar para evitar abusos e que ele seja utilizado como complemento salarial”.



Fonte: JC

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